Estudo verificou que alguns hábitos de indivíduos entre 12 e 34 são prejudiciais quando se pensa em manter a qualidade da audição
Porto Velho, RO - Basta andar pelas ruas de qualquer cidade, reparar no transporte público ou ter algum jovem na família para descobrir que, na maioria das horas do dia, eles estão com um fone de ouvido no último volume.
O que parece um hábito inofensivo, não é. Um estudo publicado esta semana no BMJ Global Health Journal aponta que cerca de 1,35 bilhão de pessoas entre 12 e 34 anos correm risco de sofrer perda auditiva significativa devido à permanência em lugares de entretenimento barulhentos e ao aumento do uso de fones de ouvido.
A diminuição da audição causa problemas em diferentes situações da vida.
"O risco de perda auditiva depende da intensidade do som [volume], da duração e frequência da exposição. Situações como concertos musicais, festas com som alto e uso de fones de ouvido podem colocar a nossa audição em risco", explica a otorrinolaringologista Eloá Lumi Miranda, do Hospital Edmundo Vasconcelos.
Pesquisadores da Universidade da Carolina do Sul, no Estados Unidos, se concentraram em 33 artigos publicados entre 2000 e 2021, sobre os hábitos auditivos de indivíduos na faixa etária de 12 a 34 anos.
No total, foram analisadas as respostas de mais de 19.000 entrevistados, de 20 países diferentes, com 35 compilamentos de registros de audição.
As pesquisas foram selecionadas e divididas em dois grupos, sendo 17 estudos focados no uso de fones de ouvido e 18 em locais de entretenimento musical.
Foi usada como base a estimativa da população mundial entre 12 e 34 anos, em torno de 2,795 bilhões de pessoas.
Os cientistas estimaram que 48% dos jovens foram frequentemente expostos a ruídos altos em locais de entretenimento, o que equivale a aproximadamente 1,35 bilhão de indivíduos.
Já no caso dos dispositivos de escuta pessoal, 23,81% dos jovens se expõem ao ruído excessivo com os fones de ouvido.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) e os CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos alertam que a exposição prolongada a ruídos acima de 70 decibéis prejudica a audição, e ruídos altos acima de 120 decibéis causam danos imediatos aos ouvidos.
O ideal é manter a exposição ao ruído abaixo de 75 decibéis durante um período de oito horas.
"O nível sonoro considerado seguro para adultos é de 80 dbA por, no máximo, 40h por semana e 75 dbA no caso das crianças. A medida que o volume aumenta, o tempo de exposição segura cai drasticamente. Por exemplo, 80 dbA por 40h na semana equivalem a 100 dbA por apenas 16 minutos na semana", alerta Eloá.
Diante desses índices, os pesquisadores afirmaram na publicação ser "urgente a necessidade de governos, indústria e sociedade civil priorizarem a prevenção global da perda auditiva, promovendo práticas de escuta. Padrões globais, recomendações e kits de ferramentas da OMS estão disponíveis para ajudar no desenvolvimento e implementação de políticas e iniciativas de saúde pública para promover a escuta segura em todo o mundo."
Para a otorrinolaringologista, "manter o volume dos fones o mais baixo possível e nunca acima da metade" é essencial para prevenir danos, já que "a perda de audição causada por exposição a ruídos é irreversível."
A especialista também adverte que, além de impactar a qualidade de vida da pessoa, a longo prazo, a perda auditiva também é um fator de risco para o desenvolvimento demência.
Fonte: R7
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