Apelo de Anthony Albanese ocorre em etapa decisiva para a defesa do ativista australiano nos tribunais britânicos, que apresentou um último recurso ao Supremo Tribunal de Londres para impedir sua extradição

Porto Velho, RO
- O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, disse nesta quarta-feira que conversou pessoalmente com as autoridades dos Estados Unidos para pedir o fim dos processos contra o fundador do WikiLeaks, o australiano Julian Assange.

Assange está preso em Londres desde 2019. Ele aguarda a extradição para os Estados Unidos por ter divulgado segredos militares e diplomáticos dos EUA em 2010, relacionados às guerras do Iraque e do Afeganistão. Ao todo, o ativista é acusado de 18 crimes na Justiça americana, incluindo espionagem. Se for condenado, pode enfrentar até 175 anos de prisão.

— Algum tempo atrás, eu já expressei que [o que já foi feito contra Assange] é o suficiente. É hora deste assunto chegar ao fim — disse Albanese ao Parlamento. — Disse isso aos representantes do governo dos Estados Unidos. Minha posição é clara — afirmou.

O líder australiano esclareceu que não simpatiza com muitas ações de Assange. Mas perguntou:

— Qual é o sentido de continuar com estes processos nos quais podemos ficar presos por muitos anos?

Albanese comparou o tratamento dado a Assange ao dispensado a Chelsea Manning, ex-militar americana que ajudou o fundador do WikiLeaks a obter os dados divulgados em 2010. Condenada a 35 anos de prisão por roubo de documentos secretos, ela teve a sentença atenuada pelo então presidente Barack Obama em 2017. Manning "agora pode participar livremente da sociedade americana", disse Albanese.

O apelo do premier australiano acontece no início da última rodada de recursos nos tribunais britânicos, com os quais os advogados de Assange tentam impedir que ele seja extraditado. A extradição foi autorizada em junho pelo governo do então primeiro-ministro Boris Johnson.

Representantes de meios de comunicação que na época participaram da divulgação dos documentos obtidos pelo WikiLeaks, como The New York Times, The Guardian, Le Monde e El País, também pediram recentemente, em carta aberta direcionada às autoridades americanas, pelo fim da perseguição contra o ativista, alertando que o processo é "um precedente perigoso” contra a liberdade de imprensa.

A defesa de Assange apresentou um recurso ao Supremo Tribunal de Londres e, em última instância, o caso pode ser levado ao Supremo Tribunal do Reino Unido. No entanto, se este recurso for rejeitado, ele deverá ser extraditado em 28 dias.


Fonte: O GLOBO