Porto Velho, RO - Há pouco mais de um ano, Bruno Alves, de 30 anos, recebeu uma ligação que mudou a história da sua vida e que parecia roteiro de filme, daqueles difíceis de acreditar.
Em Rondônia, Bruno estava acompanhada com a família no instante em que recebeu o resultado do DNA que confirmou a troca dos bebês — Foto: Jheniffer Núbia/g1
A ligação era de São Paulo e na linha, Rafael Araújo, também de 30 anos, revelou que havia uma possibilidade de eles terem sido trocados na ala da maternidade do hospital de Mogi das Cruzes (SP).
Contato por telefoneFoi a insistência da advogada Patrícia Braga que chamou a atenção de Bruno, que mora em Machadinho d'Oeste (RO). De primeiro, ele pensou que era "trote", mas com o contato estabelecido, a advogada explicou que Rafael mora em São Paulo, que procurava a família biológica e que possivelmente, eles haviam sido trocados na maternidade.
Depois de ouvir, Bruno confidenciou a história com a irmã, Fernanda Alves, que a princípio, também não acreditou.
"Ele me mostrou uma foto e disse 'esse menino é filho do pai ', eu disse que não tinha nada a ver. Aí ele falou que uma advogada tinha ligado e falado que ele tinha sido trocado", conta a irmã.
Bruno (à esquerda) e Rafael foram trocadas na maternidade na cidade de Mogi das Cruzes (SP), em 1º de agosto de 1992. — Foto: arquivo
No mesmo dia, o pai de Bruno, Geraldo Santos Oliveira, de 56 anos, também recebeu a ligação do escritório de advocacia, no entanto, por desconhecer o assunto, decidiu não atendeu. Ao encontrar com Bruno, falou sobre a ligação de São Paulo.
"Cheguei em casa e perguntei se ele conhecia e quem estava me ligando. Foi quando o Bruno falou sobre o contato com a advogada. Eu não acreditei", conta Geraldo.
Teste de DNAApós o contato, os advogados iniciaram os trâmites para realização dos exames de DNA, primeiro entre Bruno e os pais que moram em Rondônia.
"O teste deu negativo. A família ficou em choque. Tudo o que o pessoal dizia quando a gente era criança passou a ser verdade. A mãe chorou muito e dizia que não queria perder o filho, ela achava que ia ter que trocar os filhos", conta Fernanda.
Enquanto isso, em São Paulo, Rafael abria o teste de DNA, que também deu negativo para compatibilidade com os pais que o criou.
Com o resultado dos exames, os advogados entraram em contato com a família de Rondônia e informaram sobre a realização do teste entre as famílias.
Ana Araújo (a mãe que ficou o Rafael), Bruno, Elisabeth Alves (a mãe que ficou com Bruno) e Rafael, com a viagem para realizar o exame as família estreitaram os laços — Foto: arquivo pessoal
No início de outubro deste ano, Bruno, os pais e a irmã embarcaram rumo à São Paulo. Lá, eles conheceram Rafael e a família e realizaram o exame de DNA, para analisar a compatibilidade dos genes.
Após realizar os procedimentos clínicos, as famílias estreitaram os laços. Já no aeroporto, com o objetivo de retornar para Rondônia, a mãe de Bruno, Elisabeth Alves, teve complicações de saúde e precisou passar por um procedimento cirúrgico. Ela acabou ficando em São Paulo, aos cuidados de Rafael e alguns parentes.
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No dia 2 de novembro, por meio de uma videochamada, um novo encontro aconteceu entre as famílias. Em São Paulo, Rafael estava ao lado das duas mães, Ana Araújo e Elisabete. Em Rondônia, Bruno estava na companhia da irmã e do pai.
Na ligação, a advogada Patricia Braga começou a leitura do laudo dos exames de DNA, que confirmou a troca dos meninos na maternidade de São Paulo. A emoção tomou conta das famílias.
"Na verdade, ninguém perde. A gente só ganha. É mais uma mãe, pai e irmãos", disse Rafael durante a ligação.
"Fico feliz por saber o que aconteceu, eu fiquei sabendo disso tudo há um ano. Foi bem complicado ter a dúvida o tempo todo comigo. Mas agora eu sei porque eu era diferente da minha família aqui", diz.
Ao lado de Ana (mãe biológico), Bruno diz encontrar semelhanças físicas — Foto: arquivo pessoal
Depois de confirmar a troca dos bebês, a equipe de advogados que está à frente do caso, explica que foram necessários mais 10 anos de investigação.
A Santa Casa de Misericórdia de Mogi das Cruzes nunca esclareceu o que pode ter acontecido. Em nota, diz que inexistem comprovação dos fatos, seja de eventual troca de bebês ou da responsabilidade da entidade no episódio.
Fonte: G1/RO
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