Ato acabando com a proibição foi publicado nesta sexta-feira, no Diário Oficial

Porto Velho, RO - A pedido do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, o governo Bolsonaro revogou, nesta sexta-feira, uma portaria que proibia o ingresso do venezuelano Nicolás Maduro e de outras autoridades do país vizinho no Brasil. A presença de Maduro não era permitida desde agosto de 2019. A revogação foi antecipada ontem pela coluna de Lauro Jardim.

O ato foi revogado em nova portaria, publicada no Diário Oficial da União e assinada pelo chanceler Carlos França e por Antonio Ramirez Lorenzo, ministro da Justiça substituto. A revogação abre espaço para a vinda de Maduro à posse de Lula neste domingo, mas ele ainda não anunciou se estará presente.

Uma razão que impediria Maduro de viajar para o Brasil é que não foi possível enviar, antecipadamente, uma equipe avançada para cuidar de sua segurança. Além disso, não havia nem sequer apoio da embaixada venezuelana em Brasília, cujos funcionários ligados ao governo de Maduro tiveram que deixar o país.

Há cerca de duas semanas, Lula enviou uma carta a Maduro dizendo que o Brasil restabelecerá relações com Caracas logo no início de seu governo. Até esta sexta-feira, último dia do mandato de Bolsonaro, a diplomacia brasileira reconhece o dirigente opositor Juan Guaidó como "presidente interino" da Venezuela.

Guaidó, que se autonomeou chefe de um governo interino no início de 2019, quando assumiu como presidente da Assembleia Nacional venezuelana, nomeou a aliada María Teresa Belandria como embaixadora no Brasil. Ela já disse ao GLOBO que deixaria o país antes da posse de Lula.

O próprio "governo interino" do ex-deputado Guaidó, cujo mandato acabou em 2021, está chegando ao fim. Na semana passada, os principais partidos da oposição venezuelana que apoiavam a iniciativa decidiram revogá-la, dado que não alcançou seu objetivo de apressar a derrubada de Maduro, cuja eleição para um terceiro mandato, em 2018, não foi reconhecida por seus opositores nem por mais de 50 países, incluindo o Brasil do governo Bolsonaro.

Hoje, vários desses países já cancelaram esse reconhecimento, entre eles os 27 da União Europeia e a Colômbia, cujo novo governo, do esquerdista Gustavo Petro, restabeleceu relações com Maduro. 

Além disso, os opositores voltaram a negociar com o regime de Maduro condições para sua participação nas eleições presidenciais de 2024. A avaliação é que o "governo interino", que perdeu popularidade internamente e tem suas contas questionadas, prejudicava os esforços das principais siglas da oposição para construir uma candidatura viável.


Fonte: O GLOBO