Capitão do rubro-negro iniciou partida contra o Volta Redonda no banco, em tentativa do treinador de equilibrar ataque e defesa neste início de temporada
O técnico Vítor Pereira surpreendeu torcedores do Flamengo na partida da última quarta-feira ao colocar Everton Ribeiro no banco de reservas diante do Volta Redonda — vitória rubro-negra por 3 a 1.
Integrante de um quarteto quase intocável, com Arrascaeta e os atacantes Pedro e Gabigol — titulares absolutos no time campeão da Libertadores em 2022 —, o camisa 7 e capitão foi alvo de uma das primeiras experiências do português em busca da solução de um problema expressivo do Fla neste início de temporada: o desequilíbrio entre defesa e ataque.
Direto ao ponto. Por que Vítor Pereira faz mudanças no time titular do Flamengo?
- O rubro-negro passa por um desequilíbrio entre ataque e defesa, com 24 gols marcados e 12 sofridos em 10 jogos
- Com a saída de João Gomes, Thiago Maia tem jogado como o meia mais defensivo. Gerson retornou acostumado com funções de ataque
- Equilíbrio na fase defensiva do meio-campo do Flamengo tem sido dilema nas últimas temporadas
- Ausência de Bruno Henrique freia capacidade de cobertura pelas laterais
A equipe tem números ofensivos arrasadores, com 24 gols em 10 jogos, uma média de mais de dois por partida. Ao mesmo tempo, patina na defesa: sofreu 12 gols até aqui. Foram nove nos jogos contra os três adversários mais expressivos da temporada. Quatro do Palmeiras na final da Supercopa, três do Al Hilal na semifinal do Mundial de Clubes e outros dois do Al Ahly na disputa de terceiro lugar da mesma competição.
Na entrevista coletiva após a vitória sobre o Voltaço, o técnico falou em equilíbrio e explicou as mudanças. O Flamengo iniciou com Thiago Maia, Vidal, Gerson e Arrascaeta fazendo o meio-campo. No intervalo, lançou mão de Everton Ribeiro, substituindo Gerson, que sentia dores.
A entrada do experiente jogador ajudou na construção ofensiva da equipe, que fez os três gols no segundo tempo, mas aprofundou o dilema.
"Nos últimos jogos, sofremos muito gols. Cabe ao treinador tentar encontrar um equilíbrio na equipe. O que sentimos é que a equipe teve dificuldades defensivas nos dois jogos que fez no Mundial. Tentamos introduzir mais um meia para dar uma maior consistência no meio. É uma estrutura que ainda não teve tempo de trabalho, então é natural. Buscamos manter os jogadores entrelinhas que podem decidir. Tentamos, é uma coisa que tem que ser trabalhada. Podemos alterar a estrutura dependendo do jogo", comentou o treinador.
Saída de João Gomes e Gerson em nova função mudam panorama
A ida de João Gomes ao Wolverhampton, da Inglaterra, e a chegada de Gerson não representaram uma simples troca de nomes. O rubro-negro perdeu um volante de marcação e ganhou uma nova versão do Coringa, mais acostumado a obrigações ofensivas no lugar de defensivas, explica Leonardo Miranda, comentarista no ge e no Sportv e autor do blog Painel Tático.
— Equilibrar o time do Flamengo é uma tarefa que, se já era difícil, fica complicada quando pensamos que tanto Everton Ribeiro como Bruno Henrique, quando voltar, não são jogadores de explosão e que Gérson não é mais um volante e sim um meia armador, que joga na mesma posição do Arrascaeta após o período na França.
"Nos últimos jogos, sofremos muito gols. Cabe ao treinador tentar encontrar um equilíbrio na equipe. O que sentimos é que a equipe teve dificuldades defensivas nos dois jogos que fez no Mundial. Tentamos introduzir mais um meia para dar uma maior consistência no meio. É uma estrutura que ainda não teve tempo de trabalho, então é natural. Buscamos manter os jogadores entrelinhas que podem decidir. Tentamos, é uma coisa que tem que ser trabalhada. Podemos alterar a estrutura dependendo do jogo", comentou o treinador.
Saída de João Gomes e Gerson em nova função mudam panorama
A ida de João Gomes ao Wolverhampton, da Inglaterra, e a chegada de Gerson não representaram uma simples troca de nomes. O rubro-negro perdeu um volante de marcação e ganhou uma nova versão do Coringa, mais acostumado a obrigações ofensivas no lugar de defensivas, explica Leonardo Miranda, comentarista no ge e no Sportv e autor do blog Painel Tático.
— Equilibrar o time do Flamengo é uma tarefa que, se já era difícil, fica complicada quando pensamos que tanto Everton Ribeiro como Bruno Henrique, quando voltar, não são jogadores de explosão e que Gérson não é mais um volante e sim um meia armador, que joga na mesma posição do Arrascaeta após o período na França.
O Mundial mostrou que Everton, Arrasca e Gerson juntos fazem o time ficar muito desprotegido na defesa. Para piorar, os três se movimentam próximos do ataque e não buscam tanto a bola lá dos volantes. Fica um time repartido em dois, sem ninguém para fazer a ligação — analisa Miranda.
O colunista do GLOBO Carlos Eduardo Mansur corrobora na dificuldade da busca por esse equilíbrio. Ele lembra que desde 2019 para cá, a equipe teve que fazer sacrifícios para acomodar seus titulares, seja atuando com um losango no meio ou tentando defender com duas linhas e desgastando mais seus meias, por exemplo, enquanto os adversários exploravam essa fraqueza.
O colunista do GLOBO Carlos Eduardo Mansur corrobora na dificuldade da busca por esse equilíbrio. Ele lembra que desde 2019 para cá, a equipe teve que fazer sacrifícios para acomodar seus titulares, seja atuando com um losango no meio ou tentando defender com duas linhas e desgastando mais seus meias, por exemplo, enquanto os adversários exploravam essa fraqueza.
Na versão atual do quarteto de frente, sem Bruno Henrique e com Pedro, ele aponta a recomposição como mais complicada por conta das características do camisa 9.
— Era um quarteto em 2019 e continua sendo um quarteto hoje. Só que o fato de ter o Pedro e não o Bruno Henrique piora a questão defensiva. O Bruno Henrique pressionava bem, tem a capacidade de em muitos momentos poupar o Arrascaeta e fazer a volta pela esquerda para marcar. Fez isso muitas vezes, é um jogador muito acostumado a cobrir o corredor. Já o Pedro faz pouco sem a bola.
Dos jogos do Flamengo com time titular completo na temporada, cinco tiveram o quarteto Arrascaeta, Everton Ribeiro, Gabigol e Pedro iniciando como titular. Em todos, Gerson completou um quinteto, com Thiago Maia como o jogador mais defensivo na formação.
— Era um quarteto em 2019 e continua sendo um quarteto hoje. Só que o fato de ter o Pedro e não o Bruno Henrique piora a questão defensiva. O Bruno Henrique pressionava bem, tem a capacidade de em muitos momentos poupar o Arrascaeta e fazer a volta pela esquerda para marcar. Fez isso muitas vezes, é um jogador muito acostumado a cobrir o corredor. Já o Pedro faz pouco sem a bola.
Dos jogos do Flamengo com time titular completo na temporada, cinco tiveram o quarteto Arrascaeta, Everton Ribeiro, Gabigol e Pedro iniciando como titular. Em todos, Gerson completou um quinteto, com Thiago Maia como o jogador mais defensivo na formação.
No teste desta quarta-feira, o técnico tentou Vidal como um segundo atleta de contenção no setor, uma opção feita por Dorival Júnior no segundo jogo da final da Copa do Brasil no ano passado, contra o Corinthians, quando João Gomes estava suspenso.
A tendência é que o chileno esteja presente em outras variações táticas, especialmente em jogos que peçam cautela e compactação no meio. O próprio VP afirmou que não há titulares garantidos em sua equipe.
— Vítor Pereira testou um 4-3-1-2 contra o Volta Redonda, com Vidal fazendo essa função de ligação, que o João Gomes fez com Dorival e o Diego fazia com Ceni. Só que o time novamente foi muito lento, com pouca movimentação entre as linhas, como o Vítor citou. Vidal é outro jogador que, se foi bem no Mundial, ainda está sem ritmo.
— Vítor Pereira testou um 4-3-1-2 contra o Volta Redonda, com Vidal fazendo essa função de ligação, que o João Gomes fez com Dorival e o Diego fazia com Ceni. Só que o time novamente foi muito lento, com pouca movimentação entre as linhas, como o Vítor citou. Vidal é outro jogador que, se foi bem no Mundial, ainda está sem ritmo.
E Gerson decepciona muito nesse sentido. Conhecendo o Vítor Pereira, que é um treinador frontal, sem amarras, ele vai testar. Absolutamente ninguém do quarteto tem uma vaga segura. É difícil de imaginar um time sem o Pedro hoje, assim como Gabigol, ídolo, jamais ficaria no banco. Ele vai mudar, seja colocando Everton na vaga do Arrascaeta, tirando o Gérson ou outra solução — prevê Miranda.
Fonte: O GLOBO
Fonte: O GLOBO
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