Ex-primeiro ministro britânico é investigado por ter supostamente mentido em depoimento à comissão parlamentar que investiga o caso
Com a Bíblia na mão, o ex-primeiro ministro britânico Boris Johnson deu início às três horas de interrogatório no Parlamento nesta quarta-feira assegurando que não mentiu intencionalmente em depoimento sobre o escândalo do "partygate".
O caso — que ganhou tal alcunha em referência às festas promovidas na sede do governo durante as restrições da pandemia de Covid-19 — foi um dos principais responsáveis pelo desgaste que levou à sua renúncia em julho do ano passado.
Na época, Johnson alegou que as reuniões em Downing Street, muitas delas regadas a álcool, respeitaram todas as normas sanitárias. Após a divulgação de um relatório interno sobre o caso contradizendo sua versão, porém, o ex-primeiro-ministro acabou admitindo sua "responsabilidade". Ele justificou-se dizendo que acreditava estar respeitando as diretrizes anti-Covid e que as violações ao distanciamento social eram necessárias aos propósitos do trabalho.
Desde dezembro de 2021, o ex-premier garantiu aos deputados em várias ocasiões que as regras que ele mesmo havia imposto para combater a pandemia — que deixou 220 mil mortos no Reino Unido — haviam sido respeitadas "em todos os momentos" em seus escritórios.
Agora, o Parlamento investiga se ele tentou enganar a Casa propositalmente, o que pode levar à suspensão do seu mandato como deputado e à realização de novas eleições no distrito eleitoral que representa, no Noroeste de Londres.
— Quando fiz essas declarações, fiz de boa fé e com base no que eu honestamente sabia e acreditava na época — disse durante a sessão. — Aqueles que pensam que estávamos festejando durante o confinamento simplesmente não sabem do que estão falando.
Seus conselheiros haviam lhe assegurado, segundo ele, que nenhuma regra foi quebrada nas múltiplas "reuniões de trabalho" realizadas nos escritórios de Downing Street. De acordo com Johnson, as diretrizes de distanciamento social foram seguidas "o melhor que pudemos". Boris também afirmou que os funcionários trabalhavam longas horas durante a pandemia e era difícil "traçar um limite entre trabalho e socialização".
Ele ainda defendeu que havia um "fotógrafo oficial" em algumas reuniões, como festas de Natal e despedidas de funcionários, e que teria sido "ridículo" fazer isso se fossem ilegais. Johnson argumentou que se fosse "óbvio" para ele a violação das normas sanitárias, teria sido "óbvio" para outros presentes, como o atual primeiro-ministro, Rishi Sunak.
De acordo com a imprensa britânica, ao menos nove reuniões aconteceram em Downing Street nº 10 e em outros escritórios do governo entre abril e dezembro de 2020, quando as medidas contra a Covid-19 limitavam encontros sociais.
Retorno político
Apesar das rusgas que o escândalo do "partygate" provocou à sua imagem, a gota d'água para a queda de Johnson foi a nomeação de um deputado acusado de abuso sexual. Apoiadores do ex-primeiro ministro, no entanto, continuam defendendo o seu retorno ao comando do país antes das próximas eleições parlamentares, em janeiro de 2025.
A aspiração pode sofrer um revés brutal caso o comitê parlamentar que o interrogou nesta quarta-feira considere que Johnson mentiu intencionalmente e dê um fim definitivo ao seu mandato como parlamentar pelo Partido Conservador.
Ao final do inquérito, sem data definida, a Câmara dos Comuns votará sua eventual suspensão. Caso o período afastado seja superior a 10 dias, as eleições no seu distrito londrino seriam antecipadas e Johnson ficaria de fora do tabuleiro político.
Em um relatório provisório sobre o caso, a comissão considerou que o ex-primeiro ministro deveria ter visto que as diretrizes sanitárias — que ele mesmo implementou — estavam sendo violadas em Downing Street.
O documento publicou fotografias inéditas e mensagens WhatsApp nas quais seus assessores aparecem buscando uma justificativa pública para as festas. As provas também incluem o depoimento de um funcionário que afirma que Johnson não só viu as violações, mas frequentemente se juntou aos encontros durante a quarentena.
— Ele pôde ver o que estava acontecendo e permitiu que continuasse — acrescentou ele.
Fonte: O GLOBO
Na época, Johnson alegou que as reuniões em Downing Street, muitas delas regadas a álcool, respeitaram todas as normas sanitárias. Após a divulgação de um relatório interno sobre o caso contradizendo sua versão, porém, o ex-primeiro-ministro acabou admitindo sua "responsabilidade". Ele justificou-se dizendo que acreditava estar respeitando as diretrizes anti-Covid e que as violações ao distanciamento social eram necessárias aos propósitos do trabalho.
Desde dezembro de 2021, o ex-premier garantiu aos deputados em várias ocasiões que as regras que ele mesmo havia imposto para combater a pandemia — que deixou 220 mil mortos no Reino Unido — haviam sido respeitadas "em todos os momentos" em seus escritórios.
Agora, o Parlamento investiga se ele tentou enganar a Casa propositalmente, o que pode levar à suspensão do seu mandato como deputado e à realização de novas eleições no distrito eleitoral que representa, no Noroeste de Londres.
— Quando fiz essas declarações, fiz de boa fé e com base no que eu honestamente sabia e acreditava na época — disse durante a sessão. — Aqueles que pensam que estávamos festejando durante o confinamento simplesmente não sabem do que estão falando.
Seus conselheiros haviam lhe assegurado, segundo ele, que nenhuma regra foi quebrada nas múltiplas "reuniões de trabalho" realizadas nos escritórios de Downing Street. De acordo com Johnson, as diretrizes de distanciamento social foram seguidas "o melhor que pudemos". Boris também afirmou que os funcionários trabalhavam longas horas durante a pandemia e era difícil "traçar um limite entre trabalho e socialização".
Ele ainda defendeu que havia um "fotógrafo oficial" em algumas reuniões, como festas de Natal e despedidas de funcionários, e que teria sido "ridículo" fazer isso se fossem ilegais. Johnson argumentou que se fosse "óbvio" para ele a violação das normas sanitárias, teria sido "óbvio" para outros presentes, como o atual primeiro-ministro, Rishi Sunak.
De acordo com a imprensa britânica, ao menos nove reuniões aconteceram em Downing Street nº 10 e em outros escritórios do governo entre abril e dezembro de 2020, quando as medidas contra a Covid-19 limitavam encontros sociais.
Retorno político
Apesar das rusgas que o escândalo do "partygate" provocou à sua imagem, a gota d'água para a queda de Johnson foi a nomeação de um deputado acusado de abuso sexual. Apoiadores do ex-primeiro ministro, no entanto, continuam defendendo o seu retorno ao comando do país antes das próximas eleições parlamentares, em janeiro de 2025.
A aspiração pode sofrer um revés brutal caso o comitê parlamentar que o interrogou nesta quarta-feira considere que Johnson mentiu intencionalmente e dê um fim definitivo ao seu mandato como parlamentar pelo Partido Conservador.
Ao final do inquérito, sem data definida, a Câmara dos Comuns votará sua eventual suspensão. Caso o período afastado seja superior a 10 dias, as eleições no seu distrito londrino seriam antecipadas e Johnson ficaria de fora do tabuleiro político.
Em um relatório provisório sobre o caso, a comissão considerou que o ex-primeiro ministro deveria ter visto que as diretrizes sanitárias — que ele mesmo implementou — estavam sendo violadas em Downing Street.
O documento publicou fotografias inéditas e mensagens WhatsApp nas quais seus assessores aparecem buscando uma justificativa pública para as festas. As provas também incluem o depoimento de um funcionário que afirma que Johnson não só viu as violações, mas frequentemente se juntou aos encontros durante a quarentena.
— Ele pôde ver o que estava acontecendo e permitiu que continuasse — acrescentou ele.
Fonte: O GLOBO
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