Ataques russos na madrugada foram os maiores em semanas e deixaram pelo menos 19 mortos
O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksiy Reznikov, confirmou, nesta sexta-feira, que as forças ucranianas estão prontas para uma contraofensiva, após a Rússia intensificar os bombardeiros sobre várias cidades, incluindo a capital Kiev, na madrugada desta sexta, matando pelo menos 19 pessoas. Mísseis e drones foram usados nos maiores ataques russos em mais de um mês. Em Kiev — que não era alvo há 50 dias — ninguém ficou ferido.
— Os preparativos chegaram ao fim — disse o ministro da Defesa ucraniano, sobre a contraofensiva que vem sendo prevista por analistas há semanas.
Segundo o ministro, equipamentos prometidos foram entregues parcialmente e estão disponíveis para o uso:
— Em um sentido amplo, estamos prontos — afirmou Reznikov.
Após a ofensiva russa na madrugada, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, disse que ataques como esses levam o inimigo “ao fracasso e à punição”. Zelensky também afirmou, em mensagem pelo Telegram, que "o terror russo deve ter uma resposta adequada da Ucrânia e do mundo. E isso vai acontecer".
Ofensiva noturna
Também pelo Telegram, o exército ucraniano confirmou ter interceptado 21 dos 23 mísseis de cruzeiro lançados contra o país — além de dois drones.
Em Kiev, autoridades disseram que uma linha de energia elétrica foi cortada ao ser atingida por destroços, que também provocaram o bloqueio de uma estrada, mas não foram registrados danos materiais graves nem feridos.
Em Uman, cidade de 80.000 habitantes na região central do país, as primeira informações eram que 10 pessoas morreram quando um míssil atingiu um prédio residencial, segundo o Ministério do Interior. Nove pessoas foram hospitalizadas, de acordo com o governador da região, Igor Tabourets. Ele informou que dois mísseis de cruzeiro foram lançados contra Uman, que fica 200 quilômetros ao sul de Kiev — um atingiu um edifício residencial e o outro um depósito.
Em Dnipro, o ataque deixou dois mortos — uma mulher e um menino de três anos — afirmou o prefeito Boris Filatov.
O ataque começou por volta das quatro da manhã no horário local —22h pelo horário de Brasília — a partir de bombardeiros estratégicos russos do tipo Tu-95 localizados na área do Mar Cáspio, segundo as Forças Armadas.
Na localidade de Ukrainka, próxima da capital, os estilhaços de um míssil derrubado atingiram um edifício. Uma menina ficou ferida e foi hospitalizada, segundo o governador Ruslan Kravchenko.
A Rússia bombardeou de modo incessante as cidades ucranianas e a infraestrutura do país durante o inverno local — verão no Brasil — mas o ritmo dos ataques diminuiu nos últimos meses. A capital Kiev não era atacada a mais de um mês e meio.
Os combates entre as tropas russas e os ucranianos estão concentrados no leste do país, onde acontece uma batalha violenta pelo controle da cidade de Bakhmut, que está praticamente destruída.
Nesta sexta, o vice-primeiro ministro russo, Marat Khusnullin, anunciou ter visitado a cidade e prometeu reconstruir Bakhmut.
A Ucrânia reforçou nos últimos meses o sistema de defesa aérea, depois que recebeu equipamentos ocidentais, considerados cruciais para a estratégia do país na guerra, como os mísseis de defesa antiaérea americanos Patriot.
A Ucrânia indica há meses que prepara uma contraofensiva para expulsar as tropas russas dos territórios que ocupam no leste e sul do país.
Os ataques desta sexta-feira aconteceram dois dias depois de uma conversa por telefone entre os presidentes da Ucrânia e da China. O chefe de Estado chinês, Xi Jinping, defendeu a abertura de negociações de paz.
Fonte: O GLOBO
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