Partido se considera independente, mas tem dois ministros entre a equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
Porto Velho, RO - O União Brasil, que, apesar de ter integrantes na equipe ministerial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se diz independente, não priorizou parlamentares governistas nas indicações às principais comissões da Câmara dos Deputados.
Em vez disso, o partido indicou uma boa parte de integrantes cujos posicionamentos públicos indicam uma oposição ao governo Lula ou uma posição de distância do Palácio do Planalto, segundo levantamento feito pela CNN.
O levantamento leva em consideração publicações nas redes sociais, declarações públicas e também informações de bastidores dos próprios parlamentares do União Brasil ouvidos pela CNN.
Foram analisadas as indicações às dez principais comissões permanentes da Câmara, que somam 88 cadeiras (43 de membros titulares e 45 de suplentes).
Ao todo, há 31 vagas nessas comissões ocupadas por deputados federais de oposição.
Foram considerados como oposicionistas parlamentares que se manifestam abertamente de forma crítica ao governo Lula e que deram declarações públicas nesse sentido.
Estão nesta lista, por exemplo, deputados como Kim Kataguiri (que está na Comissão de Segurança Pública e Crime Organizado; na de Constituição e Justiça; e na de Fiscalização Financeira e Controle), Dani Cunha (que está na Comissão de Saúde e na de Finanças e Tributação), Mendonça Filho (que está na Comissão de Educação; na de Fiscalização Financeira e Controle; e na de Constituição) e Rosângela Moro (que está na Comissão de Saúde e na de Constituição e Justiça).
Além disso, há outras 42 vagas ocupadas por parlamentares que se posicionam como independentes (alguns mais próximos ao governo, outros mais distantes).
Esses deputados refletem de forma mais acurada o posicionamento que o partido tem tentado adotar em relação ao Planalto —nem se compromete a aprovar as pautas do governo, nem se nega a ter diálogo e negociar, nos bastidores, cargos e emendas com o Planalto.
Por fim, apenas 15 vagas são ocupadas por deputados governistas (ou seja, aqueles que têm publicado nas redes sociais elogios ao governo federal e aos ministros, além de frequentarem o Palácio do Planalto e outros ministérios em busca de aproximação com a gestão petista).
Um desses exemplos é o deputado Pedro Lucas Fernandes (MA), que é vice-líder do governo no Congresso e tem publicado fotos com diversos ministros (entre eles Márcio França, Luciana Santos e Wellington Dias).
Os números refletem a posição do União Brasil em relação ao governo Lula: Desde a posse do presidente da República, a legenda tem insistido que não faz parte da base de apoio ao Planalto e que as indicações de políticos da sigla aos ministérios não foram oficialmente feitas pelo partido.
O União Brasil tem, atualmente, dois ministros na Esplanada dos Ministérios.
Deputados federais eleitos, Daniela Carneiro e Juscelino Filho ocupam os ministérios do Turismo e das Comunicações, respectivamente. Ainda é atribuída ao União a indicação de Waldez Góes, ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional.
Apesar disso, o partido mantém uma posição de independência em relação ao governo no Congresso.
A sigla, criada a partir da fusão do PSL e do Democratas no ano passado, conta com diversos políticos que construíram suas carreiras na oposição ao PT em suas bases eleitorais, o que, em alguns casos, dificulta a aproximação com o governo Lula.
O partido tem 59 deputados federais e nove senadores: Trata-se da terceira maior bancada na Câmara dos Deputados, atrás apenas do PL e do PT, e da quarta maior no Senado, atrás do PSD, do PL e do MDB.
O Palácio do Planalto conta com o apoio de pelo menos parte do União Brasil para aprovar propostas prioritárias, como o novo regime fiscal e a reforma tributária.
Se uma parte da bancada tem uma distância maior em relação à gestão petista —até mesmo por questões históricas—, o Planalto trabalha com a possibilidade de se aproximar mais dos parlamentares que se dizem “independentes”.
A CNN apurou que é com eles que o governo pretende estabelecer um diálogo maior, principalmente através de concessões individuais de emendas e cargos no segundo e terceiro escalão da gestão pública, como autarquias e superintendências regionais.
Fonte: CNN Brasil
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