Segundo reportagem do UOL, médico espanhol Javier Yepes, 73 anos, não tinha conhecimento do caso de estupro antes de levá-lo para a Espanha
O médico espanhol Javier Yepes, de 73 anos, responsável pela contratação do então jogador Cuca pelo time Valladolid, em 1990, ficou surpreso ao saber da condenação por estupro do brasileiro, em Berna. Questionado sobre o episódio, pela reportagem do UOL, ele disse que era a primeira vez que escutava algo do tipo:
— É a primeira vez que ouço falar nessa história, eu não sabia de nada disso! — disse Yepes, ex-diretor de futebol do Valladolid e que fechou o maior negócio de sua carreira e, até então, da história do clube, com a compra de Cuca, e do zagueiro Luis Eduardo, ambos do Grêmio, por um milhão de dólares. — Eu nem consigo acreditar nisso, estou completamente surpreso. Se não me engano ele era casado, tinha até uma filha bem pequena quando veio pra cá.
De acordo com o artigo publicado pelo site, Yepes soube do caso ao ser questionado pela própria reportagem.
O caso de Berna aconteceu em 30 de julho de 1987; Cuca e mais três jogadores do Grêmio foram condenados por atos sexuais com uma menor em 15 de agosto de 1989. Pouco mais de um ano depois, em setembro do ano seguinte, ele estreou pelo Valladolid.
A contratação de Cuca foi a grande aposta do Valladolid para aquela temporada. Sexto colocado na Liga de 1988-89, o clube estava mirando alto: tinha acabado de contratar o treinador Francisco Maturana, que vinha de uma boa Copa do Mundo com a seleção colombiana.
Yepes contou ao UOL que no primeiro semestre de 1990, viajou ao Brasil para ver Cuca de perto. E citou pelo menos duas partidas do Campeonato Gaúcho, contra Caxias e Santa Cruz, em que esteve -junto a diretores do Grêmio na época. E disse que ninguém do clube contou sobre o episódio.
À época, presidente do clube era Paulo Odone. Em entrevista ao GLOBO, Odone disse que acreditava na inocência de seus atletas. Além de Cuca, outros três jogadores foram acusados de estupro.
Ainda de acordo com o UOL, além do Valladolid, a imprensa espanhola também passou em branco em relação ao caso. O UOL teve acesso aos arquivos do jornal El Norte de Castilla, de Valladolid, além do El País e do Mundo Deportivo. Nenhum deles cita o caso de Berna depois da contratação do jogador.
A passagem de Cuca pelo clube durou pouco tempo. No início de janeiro ele foi emprestado ao Internacional, e nunca mais jogou pelo Valladolid. Segundo dados oficiais do clube, foram 14 partidas oficiais disputadas (12 da Liga Espanhola e 2 da Copa do Rei), entre setembro e dezembro de 1990. Cuca marcou um total de 5 gols, sendo 4 deles no Campeonato Espanhol. Quando deixou o time, ele era o artilheiro da equipe na temporada.
"Amistoso na Suíça nunca existiu"
Em junho 2022, em entrevista ao podcast "Um assado para", o advogado Luiz Carlos Pereira Silveira Martins, responsável pela defesa dos jogadores do Grêmio no caso de Berna, deu detalhes sobre o processo e contou histórias posteriores à condenação. Cacalo, como é conhecido, disse que, durante a passagem pelo Valladolid, Cuca teria simulado uma lesão para não voltar à Suíça:
"Eu fui lá um dia (...), e ele disse pra mim assim: o Valladolid vai fazer uma excursão na Suíça, e eu estou com dor no joelho desde já. Não vou".
A excursão na Suíça jamais existiu:
— Eu era o diretor de futebol, ia pra todos os jogos. Esse amistoso na Suíça nunca existiu — disse Yepes.
Fonte: O GLOBO
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