Rússia também descartou perigo; explosão de represa em Nova Kakhovka, no sul do país, causou inundações em 24 vilarejos

A inundação causada pela explosão de uma grande barragem em Nova Kakhovka, no sul da Ucrânia, não afetou a central de Zaporíjia, que usa água da represa atingida para sua refrigeração, informou nesta terça-feira a Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA). A Rússia também descartou um perigo imediato.

"A AIEA está ciente dos relatos de danos à barragem de Kakhovka. Nossos especialistas na usina nuclear de Zaporíjia estão monitorando de perto a situação, mas não há risco imediato na usina", disse a agência nuclear no Twitter.

Do lado russo, a administração da central de Zaporíjia, sob ocupação de Moscou desde o início da guerra, também afirmou que a destruição parcial da barragem, cuja água é utilizada para arrefecer os reatores, não representa uma ameaça. "No momento, não há ameaça à segurança da usina nuclear de Zaporíjia", disse o diretor Yuri Chernichuk ao Telegram.

A Ucrânia, por sua vez, disse que o episódio aumenta drasticamente o risco de uma "catástrofe nuclear".

— O mundo está mais uma vez à beira de uma catástrofe nuclear, já que a usina nuclear de Zaporíjia perdeu sua fonte de resfriamento. E esse perigo está aumentando rapidamente agora — afirmou Mikhailo Podoliak, conselheiro de Zelensky, em uma mensagem a jornalistas.

A Energoatom, operadora nuclear ucraniana, confirmou que o nível de água na reserva estava caindo, mas informou que no setor responsável pelo resfriamento da usina ele estava em 16,6 metros. O cenário, segundo a empresa, "é suficiente para as necessidades" da central atômica.

A causa exata da destruição ainda não está clara, assim como a responsabilidade pelo ataque contra a barragem de 18 km³, que compõe a hidrelétrica homônima, às margens do rio Dniéper, e sob controle russo desde o ano passado. Segundo o Ministério do Interior ucraniano, o incidente causou inundações em 24 vilarejos, mas a zona de risco engloba cerca de 80, além de partes da cidade de Kherson.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, culpou "terroristas russos" pela explosão e afirmou se tratar de um crime de guerra. O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, por sua vez, afirmou se tratar de uma "sabotagem" de Kiev, em meio a indícios de que sua contraofensiva já pode ter começado, com a intensificação dos confrontos no último dia.

Vladimir Leontiev, prefeito indicado por Moscou para Nova Kakhova, por sua vez, afirmou que forças ucranianas atacaram a barragem e causaram seu colapso parcial, afirmando que evacuariam cerca de 300 casas em vilarejos vizinhos.

Desde a madrugada, circulam vários vídeos nas redes sociais mostrando intensas explosões ao redor da barragem — outros, inclusive um postado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, retratam o alagamento. De acordo com o comandante militar ucraniano em Kherson, Oleksander Prokudin, várias localidades ficaram "completa ou parcialmente" inundadas.

"Quase 16 mil pessoas estão na zona crítica, na margem direita da região de Kherson", afirmou Prokudin nas redes sociais, alertando que a situação deveria piorar.

Já o governador de Kherson nomeado pela Rússia, Andrey Alekseyenko, disse que nenhuma grande cidade está sob ameaça de inundação.


Fonte: O GLOBO