Nomeada pelo ex-presidente dos Estados Unidos em 2020, magistrada tem origem colombiana e é membro do grupo conservador Federalist Society
Quando foi nomeada há três anos por Donald Trump, a juíza Aileen Mercedes Cannon não imaginou que presidiria um julgamento importante contra o ex-presidente. No entanto, na última sexta-feira, a magistrada foi escolhida para presidir a audiência criminal do magnata americano referente às 37 acusações de manter documentos altamente confidenciais em sua casa em Mar-a-Lago, obstruir a Justiça e por falsos testemunhos.
Nascida em Cali, na Colômbia, Cannon cresceu na Flórida porque sua mãe imigrou de Cuba para os Estados Unidos quando ela era criança. A juíza foi nomeada por Trump em 2020, aos 38 anos, idade relativamente jovem para uma indicação de cargo vitalício. Uma das táticas do republicano no Judiciário foi nomear magistrados conservadores e jovens, de instâncias locais até a Suprema Corte.
Formada em Direito pela Universidade de Michigan, Cannon é filiada à Federalist Society, um destacado think tank de advogados, juízes e especialistas conservadores. Ela também trabalhou em um escritório de advocacia em Washington por três anos e outros sete como promotora assistente antes de se tornar juíza.
Caso o cronograma se mantenha, o julgamento de Trump relacionado ao caso dos documentos confidenciais acontecerá no dia 20 de maio de 2024, em Fort Pierce, na Flórida, seis meses antes das eleições para a sucessão do democrata Joe Biden. Trump lidera todas as pesquisas para a Casa Branca no flanco republicano. E Cannon terá a missão de decidir a sentença, caso o júri o considere culpado. Algumas das imputações podem chegar a 20 anos de prisão.
Embora a seleção de Cannon para presidir a audiência tenha ocorrido de forma aleatória, entre vários juízes federais em atividade no Departamento de Justiça no distrito sul da Flórida, a escolha deu mais uma pitada de polêmica ao caso.
Alguns especialistas acreditam que ela deveria ter recusado a nomeação, pois, supostamente, teria sido parcial no ano passado, diante da demanda apresentada a ela por Trump contra a operação do FBI que buscou recolher os documentos na casa de Mar-a-Lago.
— Agora é impossível para Trump reclamar que há um juiz tendencioso contra ele — disse Edward Foley, professor de direito constitucional da Ohio State University.
Diante da data do início do processo, em meio à campanha presidencial, caso o julgamento se estenda e o magnata vença as eleições de novembro de 2024, ele poderá tomar medidas para intervir ou até mesmo perdoar a si mesmo após ser empossado.
Fonte: O GLOBO
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