Ataques a instalações militares ucranianas perto da cidade Odessa, no sul, também destruíram 60 mil toneladas de grãos, segundo Kiev
O exército russo afirmou nesta quarta-feira ter avançado mais de um quilômetro durante várias "operações ofensivas" ao norte da cidade ucraniana de Kupiansk, no nordeste do país, e alegou ter capturado uma estação ferroviária. Ataques maciços também foram registrados na região portuária de Odessa, no sul da Ucrânia, onde 60 mil toneladas de grãos foram supostamente destruídas, segundo Kiev, três dias após o acordo sobre esses produtos expirar.
"Durante o dia, o avanço das unidades russas foi de mais de um quilômetro de profundidade e de até dois quilômetros ao longo da frente. As unidades capturaram a estação ferroviária de Molchanovo", a menos de 20 km ao norte de Kupiansk, disse o Ministério da Defesa russo em um comunicado.
A Rússia também anunciou nesta quarta-feira ataques a instalações militares ucranianas perto da cidade Odessa, no segundo bombardeio noturno consecutivo a este porto estratégico no sul da Ucrânia.
"As forças armadas russas realizaram um ataque em instalações industriais militares, infraestrutura de combustível e depósitos de munição das forças armadas ucranianas perto da cidade de Odessa", disseram os militares russos em um comunicado.
Foram destruídas 60 mil toneladas de grãos nos ataques, segundo Kiev, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de ter mirado "deliberadamente" locais utilizados pela Ucrânia para exportar cereais, três dias após o acordo sobre esses produtos expirar.
"Os terroristas russos apontaram deliberadamente contra as infraestruturas do acordo sobre grãos" em Odessa, no sul, e Zhitomir, no oeste, denunciou Zelensky no Telegram, acrescentando que deseja "reforçar a proteção das pessoas e das infraestruturas portuárias".
Segundo o ministério responsável pela restauração da Ucrânia, "os terminais de grãos e as infraestruturas portuárias de Odessa e Chornomorsk foram atacadas", causando danos "nos armazéns e cais perto de Odessa".
A Procuradoria-Geral ucraniana indicou, também no Telegram, que esse é o "maior ataque" russo na região e que "terminais de grãos e petroleiros foram danificados", além de "casas, infraestruturas agrícolas e carros".
Algumas horas antes, a Força Aérea ucraniana havia informado sobre a destruição de 23 dos 32 drones explosivos lançados pelas forças russas, e de 13 dos 16 mísseis de cruzeiro Kalbir lançados por Moscou na região de Odessa, onde ficam os três portos utilizados por Kiev para exportar seus produtos agrícolas no marco de um acordo com a Rússia que expirou na noite de segunda-feira.
Os ataques deixaram ao menos 12 feridos na região, segundo o governador local, Oleg Kiper. O Ministério Público comunicou um balanço de 10 feridos. Os combates se concentram no leste do país. Na terça-feira, 10 civis ficaram feridos em bombardeios russos, indicou nesta quarta-feito no Telegram o governador da região de Donetsk, no leste, Pavlo Kyrylenko.
Incêndio na Crimeia
Em paralelo, as autoridades da Crimeia, anexada à força pela Rússia em 2014, ordenaram a saída de mais de 2 mil civis de suas residências após um incêndio em uma área militar que provocou o fechamento de uma rodovia que liga o porto de Kerch, no leste, à cidade de Sebastopol, no sudeste, anunciou o governador designado por Moscou para a região.
"Está planejada a retirada temporária dos moradores de quatro localidades adjacentes ao terreno militar no distrito de Kirov. São mais de 2 mil pessoas", afirmou Serguei Aksionov.
O presidente do Parlamento da Crimeia, Vladimir Konstantinov, citado pela agência de notícias russa Ria Novosti, disses que os moradores não poderão retornar para suas casas antes de dois ou três dias.
Dois portais russos, Mash e Baza, próximos aos serviços de segurança de Moscou, também informaram que explosões foram ouvidas na área do campo militar. De acordo com o Mash, um depósito de munições sofreu um incêndio.
As autoridades russas não confirmaram a explosão do depósito de munições e não revelaram as possíveis causas do incêndio.
O Serviço de Inteligência Ucraniano (GUR) negou uma reivindicação do incêndio, supostamente apresentada pelo diretor desta agência, Kyrylo Budanov, e divulgada no Telegram.
O porta-voz do GUR, Andrii Yussov, afirmou que "o comentário, supostamente em nome de Kyrylo Budanov, de que a explosão no campo de treinamento da Crimeia era uma operação das Forças Armadas e do GUR, é falso".
Desde o início da ofensiva contra a Ucrânia em fevereiro de 2022, a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, é cenário frequente de ataques de drones aéreos e navais.
Fonte: O GLOBO
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