Cinco famílias que estavam acampadas no Aeroporto de Guarulhos ganharam moradia temporária e receberão ajuda para tirar documentos e se inserir na cultura brasileira
Um grupo de 25 refugiados afegãos que estavam acampados no Aeroporto de Guarulhos — dentre eles, 13 crianças — foram acolhidos na tarde desta sexta-feira em um novo abrigo em Poá, na região metropolitana de São Paulo.
O acolhimento foi viabilizado pela Agência de Refugiados das Nações Unidas (Acnur) em parceria com a ONG Aldeias Infantis SOS. Este é o segundo abrigo para afegãos na cidade, e ainda tem cinco vagas disponíveis.
Visivelmente emocionadas, cinco famílias chegaram à casa por volta das 18h, trazidas por um ônibus disponibilizado pela prefeitura de Guarulhos. As famílias agradeceram o acolhimento dos brasileiros e a concessão do visto humanitário pelo país. Às 19h, crianças e adultos sentaram-se à mesa para ter a primeira refeição fora do aeroporto. No prato, kabuli, comida típica da culinária afegã composta por arroz, carne e legumes, preparado por famílias afegãs que já estão acolhidas na cidade.
O objetivo é que os afegãos fiquem no local por volta de três a quatro meses, período no qual as organizações farão esforços para resolver documentações dos refugiados e orientá-los na busca por trabalho e na adaptação cultural no país. Cada quarto da casa abrigará uma família.
Essa ação de acolhimento foi focada em famílias, enquanto homens solteiros ainda aguardam no terminal 2 de Guarulhos em busca de um lugar para ir. Além disso, toda semana chegam novos voos de refugiados afegãos no aeroporto, a maioria vinda do Catar, segundo a Acnur.
Desde setembro de 2021, o Brasil passou a oferecer vistos humanitários para afegãos. Até 14 de junho, foram concedidos 11.576 vistos de acolhida humanitária para essa nacionalidade.
Autonomia
Sergio Marques, sub gestor nacional do Aldeias Infantis SOS, explica que o primeiro passo após o acolhimento é a regularização dos refugiados, com emissão de CPF, vacinação de todos e matrícula das crianças e adolescentes na escola. Os afegãos ainda recebem aulas de português e um cartão, emitido pela Acnur, com o qual eles podem comprar alimentos e produtos de higiene pessoal. Cada família faz a gestão de seus próprios itens.
— Eles fazem a gestão da casa, que é uma forma também de integrá-los. A gente trabalha sempre com a autonomia, eles têm direito de ir e vir, são responsáveis por levar os filhos na escola, em equipamentos de saúde. Para poderem tocar a vida — conta Marques.
De acordo com as organizações, perfil das famílias acolhidas nos abrigos varia. Marques conta que no ano passado, quando começou o 'boom' de imigração afegã no Brasil, as famílias eram mais abastadas, mas que agora já começam a chegar famílias mais pobres, que muitas vezes têm seus custos financeiros aportados por familiares e amigos que já estão em solo brasileiro. Além disso, há aqueles que desejam permanecer no Brasil e outros cujo objetivo é ir para outro país.
A perspectiva, segundo Marques, é que os afegãos continuem chegando ao país em grande quantidade nos próximos meses tendo em vista a quantidade de vistos humanitários já emitidos e que "a situação no Afeganistão não melhorou".
Fonte: O GLOBO
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