A Rússia anunciou que não vai renovar o acordo que permite aos ucranianos exportarem grãos pelo Mar Negro, alimentando parte do mundo.

Ou seja, o cenário internacional mais uma vez se complica para os preços internacionais de commodities, já que a Ucrânia, como se sabe, é um grande exportador de óleo de girassol, milho, trigo e cevada.

Logo no início da guerra, com a invasão de território ucraniano pelos russos, o mundo ficou preocupado com os impactos econômicos, já que 20 milhões de toneladas de grãos ficaram presos, sem poderem ser exportados.

Houve um aumento dos preços no início da guerra, e depois as cotações caíram após o anúncio desse acordo, que chega ao final agora.

Para o Brasil isso não é um problema em termos de suprimento. O país consegue se abastecer. Só que o efeito dos preços internacionais em alta afeta o mundo inteiro e ontem mesmo aumentaram somente com o anúncio do fim do acordo.

Mas há partes do mundo que possuem problemas de suprimento, como a África Oriental, que recebe grãos da Rússia e da Ucrânia. Quando esse comércio se desorganiza, há vários países da África com problemas para ter acesso a suprimentos, elevando o risco de insegurança alimentar na região.

A boa notícia é que o presidente da Turquia, Recep Erdogan, disse que está confiante que a Rússia manterá o acordo. Ou seja, os russos teriam suspendido o acordo apenas para negociar, já que Vladimir Putin está em uma situação de fragilidade na guerra.

A Rússia achava que iria ser um passeio, que rapidamente tomaria a Ucrânia, mas a guerra se prolonga há um ano e a Rússia teve muitas perdas, derrotas.

Mesmo que Putin controle o país com mão de ferro, assim como toda a circulação de informação, o povo russo está perdendo pessoas, há muitas mortes. O país ainda enfrentou recentemente uma rebelião contra Moscou dos mercenários contratados para lutar na guerra.

Tudo isso deixa o governo de Putin mais frágil, e é nessa situação que ele quer negociar a redução das sanções contra a Rússia.

Temos que torcer pela negociação, para que não haja preços internacionais subindo, mas principalmente para que não haja desorganização da cadeia de suprimentos para os países mais vulneráveis.


Fonte: O GLOBO