IPCA-15 de julho teve primeira queda em 9 meses, e mostrou perda de fôlego dos preços de serviços

A prévia do IPCA de julho teve deflação e reforçou o cenário de corte da taxa básica de juros, a Selic, na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) na semana que vem.

O indicador caiu 0,07% neste mês (primeira queda em 9 meses) e subiu 3,19% em 12 meses, abaixo do centro da meta de inflação para o ano, que é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

A queda do índice parcial deste mês foi ainda maior que a esperada pelo mercado, que apostava em retração de 0,03%. O que mais surpreendeu, entretanto, foi a melhoria em indicadores considerados importantes pelos economistas.

Os preços dos serviços, que estão sendo olhados com lupa pelo BC, desaceleraram, e o espalhamento da alta de preços (quantos itens subiram de preço) também se reduziu.

- De modo geral, a leitura qualitativa do indicador foi bem positiva e, ao contrário das divulgações anteriores, esta não veio acompanhada de contrapontos – apontaram os economistas Marcos Caruso e Igor Cadilhac, do PicPay, em relatório.

Os especialistas ressaltaram que os núcleos de inflação (medida que exclui da conta os itens de preços mais voláteis) subiram 0,10%, “uma variação historicamente baixa” e que os preços de serviços se reduziram de uma alta de 0,56%, em junho, para 0,36% neste mês.

Outro ponto apontado como positivo é a redução do índice de difusão, que mede quantos itens tiveram alta de preços dentro do IPCA-15. Esse percentual caiu de 50,6% no mês passado para 47,96% neste mês.

A tendência é que o IPCA volte a subir daqui para a frente, já que na segunda metade do ano passado houve meses de queda de preços por causa dos estímulos tributários para combustíveis e telecomunicações concedidos pelo governo Bolsonaro em meio às eleições.

A queda deste mês foi incluenciada principalmente pela retração nos preços da energia elétrica residencial, com a incorporação às faturas do chamado “bônus de Itaipu”. A usina hidrelétrica teve saldo positivo na comercialização de energia no ano passado, e houve repasse às contas neste mês.

- O resultado negativo de julho foi influenciado por dois fatores pontuais que não devem se repetir nos próximos meses - disse a economista Claudia Moreno, do C6 Bank. - O primeiro é o bônus de Itaipu, que deu um desconto de até R$ 15 na conta de luz de cerca de 81 milhões de unidades consumidoras rurais e residenciais. O segundo é o programa de carro popular do governo, que durou cerca de um mês.

Focus mostra melhora das expectativas

Outro ponto que reforça o início de um ciclo de cortes da taxa básica de juros na semana que vem (a Selic está em 13,75% ao ano desde agosto de 2022) é a melhora das expectativas para a inflação de 2023 e 2024, relevada hoje pelo Boletim Focus, do BC.

As projeções se reduziram de 4,95% para 4,90% (em 2023) e de 3,92% para 3,90% (em 2024), mostrando que o mercado financeiro vê um cenário mais confortável para os preços.

- Tudo isso sacramenta de vez o corte da Selic na reunião do Copom na semana que vem – afirmou o economista André Perfeito.


Fonte: O GLOBO