Descrito pela polícia brasileira como um dos "maiores traficantes internacionais", o ex-policial Sérgio Roberto de Carvalho foi preso em junho do ano passado, em Budapeste

O juiz da 4ª Vara da Fazenda Pública de Campo Grande (MS), Marcelo Andrade Campos Silva, determinou o pagamento de R$ 1,3 milhão ao major aposentado da polícia militar Sérgio Roberto de Carvalho, conhecido no país europeu como ‘Pablo Escobar brasileiro’ por narcotráfico internacional.

Descrito pela polícia brasileira como um dos "maiores traficantes internacionais", Carvalho foi preso em junho do ano passado, em Budapeste. Ele foi detido enquanto tomava café da manhã num hotel da capital húngara, onde estava hospedado com um passaporte mexicano, em nome de Guilhermo Diaz Flores. A prisão foi realizada com base num alerta vermelho da Interpol, emitido por um tribunal brasileiro, em novembro de 2020.

Em publicação feita no Diário Oficial da Justiça de Mato Grosso do Sul na última segunda-feira, o juiz confirmou o pagamento, mas indicou também a necessidade do sequestro dos bens e valores segundo determinação da 14ª Vara Federal de Curitiba.

O valor liberado ao narcotraficante é referente aos pagamentos da aposentadoria dele como ex-major da PM, entre os anos de 2011 e 2015, período em que Sérgio Roberto de Carvalho foi dado como morto depois de ter forjado um atestado de óbito na Espanha.

Em 2015, ‘Pablo’ entrou com uma ação contra a Agência do INSS de Mato Grosso do Sul (Ageprev), pedindo revisão dos benefícios do período e pagamento de R$ 516.695,00. A ação tramitou de 2015 a 2022.

Após o STJ e STF negarem recurso da Previdência, o juiz Marcelo Andrade determinou o pagamento do valor ao traficante, atualizado para R$ 1.313.732,01.Simultaneamente, um pedido do Ministério Público Federal no Paraná, levou a Justiça Federal no Estado a decretar o sequestro do montante devido ‘às atividades criminosas do ex-policial’.

Carvalho é suspeito de comandar uma organização de tráfico de cocaína para a Europa. Ele foi acusado de estar envolvido no envio de 45 toneladas da droga, do Brasil, para o continente europeu, entre 2017 e 2019, e de ter lavado milhões de dólares por meio de empresas de fachada. E também é denunciado por ter usado documentos falsos para enganar as autoridades europeias.

Carvalho usou documentos falsos e simulou a própria morte

À Justiça húngara, o ex-major afirmou que o processo contra ele se deu por motivos políticos e seu advogado argumentou que no Brasil ele não teria um julgamento justo.

Na Espanha, Carvalho foi preso sob identidade falsa por suposto tráfico de drogas e, após pagar fiança que lhe permitiu responder em liberdade, simulou sua morte por Covid-19 em 2020 com um atestado falso para fugir da justiça, segundo reportagem da TV Globo.

A ordem de prisão de Carvalho foi emitida no âmbito da Operação "Enterprise" e permitiu o confisco de "mais de 500 milhões de reais (cerca de 100 milhões de dólares no câmbio atual) da organização criminosa que ele liderava", disse a polícia brasileira.

Em fevereiro deste ano, o Ministério Público de Portugal acusou 18 pessoas ligadas ao traficante de drogas. Entre os denunciados, está empresário Ruben Oliveira, conhecido como "Xuxa", considerado o líder português do esquema de tráfico internacional de droga comandado por Carvalho.


Fonte: O GLOBO