Ferramenta de inteligência artificial pode transcrever áudios, gerar conteúdos em texto e responder a comandos de voz

Usar ferramentas de inteligência artificial, como o ChatGPT, vai ficar mais fácil para os brasileiros a partir desta quarta-feira. Além dos aplicativos dos próprios chatbots, os usuários poderão usar as IAs generativas, que criam conteúdo e respondem perguntas, diretamente pelo WhatsApp e pelo Telegram.

Na prática, será como conversar com um contato comum do celular. Mas, do outro lado, a resposta virá de uma máquina conectada ao ChatGPT. O serviço é oferecido pela LuzIA, uma ferramenta de inteligência artificial que integra os aplicativos de mensageria à IA generativa, e que agora vai oferecer o serviço no Brasil, em português.

Lançado em março deste ano, o sistema atingiu o primeiro milhão de adeptos em algumas semanas. Hoje, tem uma base de quatro milhões de usuários ativos e operação em 40 países. Ao chegar ao Brasil, o serviço mira a expansão em um mercado que é o segundo do mundo em usuários ativos do WhatsApp. Além de português, o serviço - que é gratuito - está disponível em francês, espanhol e inglês.

Transcrição de áudio e imagens

Além das funções já oferecidas pelo ChatGPT, como responder perguntas, traduzir textos e criar conteúdo escritos, a LuzIA também permite a transcrição de áudios recebidos pelo WhatsApp, o envio de comandos por mensagem de voz e a criação de imagens.

O GLOBO testou as três funções. Em alguns segundos, o sistema foi capaz de transcrever dois conteúdos em áudio, com poucas falhas, mas problemas na acentuação. O pedido para criação de conteúdo a partir de mensagens de voz também funcionou. No caso da geração de imagens, nenhum dos três comandos para que a LuzIA criasse uma imagem de um "robô" deu certo.

O engenheiro espanhol Álvaro Higes, criador do sistema, diz que a ferramenta de geração de imagens ainda está sendo aperfeiçoada, mas que LuzIA "tem dado o seu melhor". Segundo Higes, a IA é alimentada principalmente pela integração com o ChatGPT, a partir do OpenAI, mas outras plataformas de inteligência artificial também são aplicadas.

Por enquanto, todo o serviço é gratuito. O CEO e cofundador explica, no entanto, que os planos da empresa envolvem o lançamento de novos recursos pagos e de uma assinatura para usuários frequentes até o início de 2024.

— O objetivo é tornar a IA mais acessível. O que esperamos é que ela, no futuro, seja como uma assistente pessoal que resolve questões do dia a dia — diz o empreendedor, em entrevista ao GLOBO.

Alertas de segurança e como usar LuzIA

Para quem for usar o sistema, como outras ferramentas de IA, há limitações. As informações só estão atualizadas até 2021, assim como o ChatGPT. A ferramenta também pode fornecer dados equivocados, problemas que são conhecidos como "alucinação da IA". A empresa também sugere que os usuários não compartilhem informações sensíveis ou pessoais.

O acesso à LuzIA é simples. O usuário pode adicionar o número brasileiro do sistema ou acessá-lo a partir do site da plataforma. Ao adicionar o robô no aplicativo de mensagens, o usuário recebe os termos de proteção de dados e privacidade. Depois, a apresentação da ferramenta: "Eu sou LuzIA, a sua assistente pessoal. Estou aqui para te ajudar com o que precisar", escreve a chatbot. A partir daí, é possível interagir com a IA.

Criador do sistema, Higes diz que a empresa não retém dados das conversas que tem com os usuários. O número do telefone e nome, no entanto, são registrados para que o sistema possa manter a conexão com os usuários.

Além da opção de execução de tarefas, como uma assistente virtual, a ferramenta também oferece a opção de interações mais focalizadas, como de "Buddha", para sugestões de bem-estar, e "Professor de Inglês", para prática de inglês. Há também a possibilidade de um diálogo "engraçado", com personalidades descritas como Forrest Gump, Hermione e Yoda.


Fonte: O GLOBO