Resultado reflete dificuldades que Sunak enfrenta para superar os obstáculos e melhorar popularidade de sua legenda antes de eleições gerais
O Partido Conservador deu um alívio ao primeiro-ministro Rishi Sunak ao conseguir manter o assento no Parlamento que até o mês passado pertencia ao ex-premier Boris Johnson, mas sofreu duas outras derrotas acachapantes nas eleições fora de época de quinta-feira. O placar é reflexo das dificuldades que o governo tem de melhorar sua popularidade, prejudicado por uma economia piorada pelos impactos do Brexit e de crises consecutivas que mancham a imagem conservadora.
Os conservadores preparavam-se para a perda das três vagas até agora ocupada por seus quadros, mas nos últimos dias a situação do assento de Boris, no distrito de Uxbridge e Ruislip do Sul, no subúrbio londrino, parecia mais incerta. Seria o fracasso mais simbólico para o partido, após o ex-premier renunciar ao seu mandato parlamentar quando uma comissão legislativa determinou que mentiu para a Casa sobre as festas na sede do governo durante o auge da pandemia de Covid-19, escândalo que ficou conhecido como Partygate.
O assento foi mantido por pouco: a diferença foi de 495 votos, após uma recontagem. Nos outros dois distritos, o cenário foi pior. Os conservadores tiveram 45,2%, contra 43,6% dos trabalhistas, que lideram as intenções de voto para as próximas eleições legislativas, previstas para ocorrerem até janeiro de 2025, há mais de um ano.
Os trabalhistas tiveram sua maior vitória já registrada em eleições fora da época em Selby e Ainsty, no Norte da província da Inglaterra e não muito longe do distrito de Yorkshire do Norte que Sunak representa, com 46% dos votos — na eleição passada, há quatro anos, havia obtido 21 pontos percentuais a menos. Os conservadores ficaram com 34,3%, 26 pontos percentuais a menos que os 60,3% de 2019.
O terceiro distrito que estava em jogo era Somerton e Frome, no sudoeste, após seu representante renunciar à vaga no Parlamento devido a alegações de que usou cocaína e teve má conduta sexual — o aliado de Boris disse ter tomado "escolhas muito ruins" com relação às substâncias ilícitas, mas nega as acusações de assédio.
Lá, os liberal-democratas confirmaram seu favoritismo, com 54,6% dos votos, contra 26,2% para os conservadores. Há quatro anos, a sigla de Sunak havia tido 55,8% do apoio na região, contra 26,2% do Partido Liberal Democrata.
O inesperado triunfo em Uxbridge foi celebrado por Sunak, afirmando ser um lembrete para a classe política britânica de que o resultado das próximas eleições gerais não é um "fato consumado". Ele referia-se à vantagem de 20 pontos percentuais que os trabalhistas têm nas pesquisas de intenção de voto: se o pleito fosse hoje, 46% dos eleitores afirmam que votariam na oposição, enquanto 26% dizem que apoiariam os conservadores, segundo o agregador de pesquisas do site Politico.
— O povo de Uxbrigde acabou de dizer a todos que não é [fato consumado] — disse o premier após o resultado.
A explicação mais imediata para a vitória, entretanto, passa mais pela oposição do que pelos próprios conservadores, sendo uma reação ao plano do prefeito londrino, o trabalhista Sadiq Khan, de expandir sua Zona de Emissões Ultrabaixas (Ulez). A iniciativa, que almeja diminuir a quantidade de gases-estufa despejados pela cidade, prevê custos adicionais para quem dirige veículos movidos a diesel e gasolina, gerando uma insatisfação que foi explorada ao extremo pelos conservadores.
É um sinal para os conservadores de que talvez uma saída para reduzir a desvantagem seja apostar em assuntos locais, mas o caminho não deve ser dos mais simples.
A popularidade de Sunak está no menor patamar desde sua chegada ao poder em 2021, com 65% dos britânicos vendo-o negativamente. A previsão da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) é que o desempenho da economia britânica seja o segundo pior entre os países do G20 neste ano, atrás apenas da Rússia, situação que especialistas afirmam ser ao menos parcialmente atribuível ao Brexit, concluído em 2021.
A variação da inflação teve teve um recuo maior que o esperando no mês passado, ficando em 7,9%, significativamente menos que os 8,7% registrados em maio. Ainda assim, o custo de vida permanece alto, e greves consecutivas de vários setores, inclusive da saúde, aumentam a pressão sobre o governo.
A fragilidade não vem de hoje.
Fonte: O GLOBO
O inesperado triunfo em Uxbridge foi celebrado por Sunak, afirmando ser um lembrete para a classe política britânica de que o resultado das próximas eleições gerais não é um "fato consumado". Ele referia-se à vantagem de 20 pontos percentuais que os trabalhistas têm nas pesquisas de intenção de voto: se o pleito fosse hoje, 46% dos eleitores afirmam que votariam na oposição, enquanto 26% dizem que apoiariam os conservadores, segundo o agregador de pesquisas do site Politico.
— O povo de Uxbrigde acabou de dizer a todos que não é [fato consumado] — disse o premier após o resultado.
A explicação mais imediata para a vitória, entretanto, passa mais pela oposição do que pelos próprios conservadores, sendo uma reação ao plano do prefeito londrino, o trabalhista Sadiq Khan, de expandir sua Zona de Emissões Ultrabaixas (Ulez). A iniciativa, que almeja diminuir a quantidade de gases-estufa despejados pela cidade, prevê custos adicionais para quem dirige veículos movidos a diesel e gasolina, gerando uma insatisfação que foi explorada ao extremo pelos conservadores.
É um sinal para os conservadores de que talvez uma saída para reduzir a desvantagem seja apostar em assuntos locais, mas o caminho não deve ser dos mais simples.
A popularidade de Sunak está no menor patamar desde sua chegada ao poder em 2021, com 65% dos britânicos vendo-o negativamente. A previsão da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) é que o desempenho da economia britânica seja o segundo pior entre os países do G20 neste ano, atrás apenas da Rússia, situação que especialistas afirmam ser ao menos parcialmente atribuível ao Brexit, concluído em 2021.
A variação da inflação teve teve um recuo maior que o esperando no mês passado, ficando em 7,9%, significativamente menos que os 8,7% registrados em maio. Ainda assim, o custo de vida permanece alto, e greves consecutivas de vários setores, inclusive da saúde, aumentam a pressão sobre o governo.
A fragilidade não vem de hoje.
Fonte: O GLOBO
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