Anya Schiffrin, que estuda relação entre tecnologia e meios de comunicação, defende pagamento das big techs a veículos de imprensa pelo uso do conteúdo
O pagamento a meios de comunicação por parte das grandes plataformas que utilizam material produzido por jornalistas profissionais é uma questão essencial quando se fala em proteção da democracia.
Essa é a opinião da diretora de Tecnologia, Meios e Comunicação da Escola Internacional de Relações Públicas da Universidade de Columbia, em Nova York, Anya Schiffrin, considerada atualmente uma referência global sobre o tema.
Autora de vários artigos sobre experiências recentes em países como Austrália, Anya acaba de participar de um encontro mundial de meios de comunicação na África do Sul, no qual o assunto esteve no centro dos debates.
Autora de vários artigos sobre experiências recentes em países como Austrália, Anya acaba de participar de um encontro mundial de meios de comunicação na África do Sul, no qual o assunto esteve no centro dos debates.
Em setembro, a professora de Columbia, casada com o Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, estará no Brasil, em viagem organizada pelo Departamento de Estado americano.
“Estou trabalhando com uma equipe de economistas, e, em setembro, vamos divulgar nossa estimativa de quanto Google e Facebook devem aos veículos nos EUA”, revelou Schiffrin, que recomenda que países como o Brasil utilizem a metodologia que seu grupo de trabalho tornará pública.
Qual será sua mensagem aos meios de comunicação brasileiros?
Estamos vivendo um período emergencial. E a necessidade de proteger informações e jornalismo de qualidade é fundamental, mais do que nunca, porque assim estaremos protegendo nossas democracias. Sempre analiso os dois lados dessa história, os que oferecem e os que demandam informação.
Do lado dos que oferecem, uma das principais coisas que podemos fazer é defender a informação de qualidade. Por isso exemplos como o da Austrália, com seu Código de negociação (entre empresas jornalísticas e grandes plataformas) são tão importantes. Os Códigos de Negociação dizem para plataformas como Google e Facebook que elas estão distribuindo algo que tem valor, e esse valor deve ser compartilhado com as empresas que produzem esse jornalismo.
Essas grandes plataformas não pagam os impostos que deveriam pagar, e existem muitas propostas sobre isso.
Mas a pergunta é: o que podemos fazer mais rápido? O evento recente do qual participei na África do Sul mostrou isso, a mídia está numa situação de urgência e não pode esperar prazos de três anos. O que está acontecendo ao redor do mundo é que os meios de comunicação estão estimando quanto as plataformas lhes devem.
Estou trabalhando com uma equipe de economistas, e em setembro vamos divulgar nossa estimativa para os EUA. Ou seja, vamos dizer quanto Google e Facebook devem aos veículos americanos, e vamos revelar nossa metodologia.
Estamos falando de um número expressivo?
Sim, estamos falando de bilhões de dólares. Mas o importante é que além de divulgar esse número, vamos mostrar nossa metodologia, para que outros países possam fazer seus cálculos. O que está acontecendo agora é que muitos estão fazendo este tipo de análise, mas sem revelar sua metodologia.
“Estou trabalhando com uma equipe de economistas, e, em setembro, vamos divulgar nossa estimativa de quanto Google e Facebook devem aos veículos nos EUA”, revelou Schiffrin, que recomenda que países como o Brasil utilizem a metodologia que seu grupo de trabalho tornará pública.
Qual será sua mensagem aos meios de comunicação brasileiros?
Estamos vivendo um período emergencial. E a necessidade de proteger informações e jornalismo de qualidade é fundamental, mais do que nunca, porque assim estaremos protegendo nossas democracias. Sempre analiso os dois lados dessa história, os que oferecem e os que demandam informação.
Do lado dos que oferecem, uma das principais coisas que podemos fazer é defender a informação de qualidade. Por isso exemplos como o da Austrália, com seu Código de negociação (entre empresas jornalísticas e grandes plataformas) são tão importantes. Os Códigos de Negociação dizem para plataformas como Google e Facebook que elas estão distribuindo algo que tem valor, e esse valor deve ser compartilhado com as empresas que produzem esse jornalismo.
Essas grandes plataformas não pagam os impostos que deveriam pagar, e existem muitas propostas sobre isso.
Mas a pergunta é: o que podemos fazer mais rápido? O evento recente do qual participei na África do Sul mostrou isso, a mídia está numa situação de urgência e não pode esperar prazos de três anos. O que está acontecendo ao redor do mundo é que os meios de comunicação estão estimando quanto as plataformas lhes devem.
Estou trabalhando com uma equipe de economistas, e em setembro vamos divulgar nossa estimativa para os EUA. Ou seja, vamos dizer quanto Google e Facebook devem aos veículos americanos, e vamos revelar nossa metodologia.
Estamos falando de um número expressivo?
Sim, estamos falando de bilhões de dólares. Mas o importante é que além de divulgar esse número, vamos mostrar nossa metodologia, para que outros países possam fazer seus cálculos. O que está acontecendo agora é que muitos estão fazendo este tipo de análise, mas sem revelar sua metodologia.
Estes cálculos estão sendo feitos em países como Reino Unido, Estados Unidos ou África do Sul. Na Austrália foram feitos vários acordos entre meios e plataformas.
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Quais foram os debates mais relevantes no evento na África do Sul?
Uma das coisas importantes que fizemos foi estabelecer princípios globais sobre o tema, elaborados por acadêmicos. O que estamos dizendo é que estes acordos com as plataformas devem ser transparentes, inclusivos, e que o dinheiro que surja destes acordos deve ser investido no jornalismo.
Estamos buscando salvar a democracia e as empresas de jornalismo, de todos os tamanhos. A lista de princípios globais é ampla, mas esses três, para mim, são os mais importantes. Foi ótimo o que se conseguiu na Austrália, também no Canadá, mas podemos continuar melhorando.
Países como o Brasil poderiam usar a metodologia que será divulgada para calcular quanto as plataformas devem a empresas de comunicação?
Com certeza. Meu conselho aos donos de meios de comunicação do Brasil seria que se unam, contratem consultores e comecem a calcular quanto devem a vocês. Se você pegar a população da Austrália, fazer o cálculo de quanto foi pago lá, e multiplicar pela população de seu país terá, aproximadamente, a dívida que as plataformas têm com os veículos de cada país. Não existem grandes surpresas.
Como as plataformas estão reagindo no mundo?
O que está acontecendo é que o Google está fazendo acordos privados, distribuindo dinheiro, mas uma quantidade insuficiente de dinheiro. Vimos isso em Taiwan, onde deram em torno de US$ 3 milhões aos veículos do país.
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Quais foram os debates mais relevantes no evento na África do Sul?
Uma das coisas importantes que fizemos foi estabelecer princípios globais sobre o tema, elaborados por acadêmicos. O que estamos dizendo é que estes acordos com as plataformas devem ser transparentes, inclusivos, e que o dinheiro que surja destes acordos deve ser investido no jornalismo.
Estamos buscando salvar a democracia e as empresas de jornalismo, de todos os tamanhos. A lista de princípios globais é ampla, mas esses três, para mim, são os mais importantes. Foi ótimo o que se conseguiu na Austrália, também no Canadá, mas podemos continuar melhorando.
Países como o Brasil poderiam usar a metodologia que será divulgada para calcular quanto as plataformas devem a empresas de comunicação?
Com certeza. Meu conselho aos donos de meios de comunicação do Brasil seria que se unam, contratem consultores e comecem a calcular quanto devem a vocês. Se você pegar a população da Austrália, fazer o cálculo de quanto foi pago lá, e multiplicar pela população de seu país terá, aproximadamente, a dívida que as plataformas têm com os veículos de cada país. Não existem grandes surpresas.
Como as plataformas estão reagindo no mundo?
O que está acontecendo é que o Google está fazendo acordos privados, distribuindo dinheiro, mas uma quantidade insuficiente de dinheiro. Vimos isso em Taiwan, onde deram em torno de US$ 3 milhões aos veículos do país.
Temos alguns acordos nos EUA também, mas não temos muita informação. E algumas coisas estão acontecendo, como, por exemplo, ameaças do Google de retirar notícias da Itália da plataforma se não aceitarem suas propostas de acordo. Estas ameaças estão se espalhando.
A Espanha também as sofreu, e teve suas notícias retiradas da plataforma durante quase dois anos. Na Dinamarca foi tomada a decisão de não ter suas notícias nas plataformas, porque não querem receber dinheiro do Google.
A Espanha também as sofreu, e teve suas notícias retiradas da plataforma durante quase dois anos. Na Dinamarca foi tomada a decisão de não ter suas notícias nas plataformas, porque não querem receber dinheiro do Google.
O Brasil pode esperar um pouco de tudo: acordos privados, e muitas ameaças e pressões. Estar unidos é a única maneira de enfrentar isto, e entender que pequenas publicações também devem receber dinheiro.
Quais exemplos de legislações bem-sucedidas sobre remuneração de conteúdo?
Austrália e Canadá. Países que discutem este tipo de legislação são Reino Unido, Nova Zelândia, Indonésia e Brasil. Nos EUA, o estado da Califórnia. Fui à Austrália, e todos dizem que os acordos funcionaram muito bem. Os jornalistas estão todos empregados.
Fonte: O GLOBO
Quais exemplos de legislações bem-sucedidas sobre remuneração de conteúdo?
Austrália e Canadá. Países que discutem este tipo de legislação são Reino Unido, Nova Zelândia, Indonésia e Brasil. Nos EUA, o estado da Califórnia. Fui à Austrália, e todos dizem que os acordos funcionaram muito bem. Os jornalistas estão todos empregados.
Fonte: O GLOBO
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