Floresta é um tesouro inestimável para a ciência e a humanidade e uma riqueza ainda parcialmente desconhecida e com potencial ainda não totalmente compreendido

Caro leitor, um pouco de definição sobre BioDiversidade ou diversidade biológica, que descreve a riqueza e a variedade do mundo natural. As plantas, os animais e os microrganismos fornecem alimentos, remédios e boa parte da matéria-prima industrial consumida pelo ser humano: dessa forma entendemos a biodiversidade. 

Já a GeoDiversidade é o conceito que reúne e qualifica a diversidade ou a variedade de elementos e de processos relacionados aos elementos abióticos da natureza, ou seja, os elementos que não constituem fauna e flora. Por que esses dois temas têm a ver com nossa BioEconomia?

Conforme análise com Carlos Roxo, consultor estratégico em sustentabilidade:

1. “A bioeconomia é a ciência que estuda os sistemas biológicos e recursos naturais aliados a utilização de novas tecnologias com propósitos de criar produtos e serviços mais sustentáveis” — na maioria dos casos, o propósito não é o de “criar produtos e serviços mais sustentáveis”, mas criar e dar escalabilidade a produtos e serviços sustentáveis, tornando-os competitivos.

2. “A bioeconomia está presente na produção de vacinas, enzimas industriais, novas variedades vegetais, biocombustíveis, cosméticos entre outros” — acho um pouco cedo para falar em “novas variedades vegetais”, pois pode inclusive assustar. Melhor seria dizer “A bioeconomia está presente na produção de uma variedade de produtos, como por exemplo alimentos, fibras, resinas, óleos essenciais, remédios, cosméticos, produtos madeireiros e biocombustíveis.”

O nutricionista Daniel Candy (à esquerda) e a head ESG do Grupo Soma, Taci Abreu (à direita) — Foto: Arquivo pessoal

Aprofundando um bate-papo sobre biomas com Daniel Cady, nutricionista e criador de abelhas indígenas sem ferrão, enche-me de curiosidade a forma com que Daniel enaltece a Amazônia, reverencia a grandeza da natureza e reconhece a urgência em protegê-la, assegurando que sua biodiversidade continue a inspirar e a sustentar as futuras gerações.

E aí eu me pego pensando sobre a economia da Amazônia e sua população estimada de 38 milhões de habitantes, “as pessoas” e sua economia e subexistência — a balança tem dois lados.

Daniel Cady segue explanando sobre a exuberante e majestosa Floresta Amazônica, santuário de biodiversidade sem igual, com aproximadamente sete milhões de espécies vegetais e animais. Um tesouro inestimável para a ciência e a humanidade. Uma riqueza ainda parcialmente desconhecida e com potencial ainda não totalmente compreendido.

Além do potencial biológico, a Amazônia é um caldeirão étnico, onde inúmeras culturas indígenas, ribeirinhas e quilombolas se encontram, preservando tradições, ancestralidade e conhecimentos milenares.

E há ainda as abelhas nativas, que desempenham um papel crucial na polinização, promovendo a reprodução de plantas e mantendo o equilíbrio do ecossistema.

Iremos explorar com maior profundidade as abelhas indígenas sem ferrão na próxima coluna, existe muito conteúdo a ser aprendido sobre este tema.

Já em bate-papo com Taci Abreu, head ESG do Grupo Soma, vemos que a abordagem Amazônia BioDiversa e GeoDiversa precisa abraçar a temática das mudanças climáticas. Fica claro que é cada vez mais importante pensarmos nas engrenagens do clima que transcendem geografias.

Pode-se pensar a Amazônia brasileira, peruana, boliviana, equatoriana, colombiana e venezuelana; assim como pode-se pensar a Amazônia latino-americana e a Amazônia global. Este é um excelente ponto de vista, afinal ela é tida por muitos como o pulmão do mundo.

Política e economicamente, cada geografia quer seu pedaço, porém, do ponto de vista ambiental, climático e social, precisamos lembrar que somos uma só espécie, afetando ciclos básicos de um só planeta. O que cada um de nós faz em sua casa, em seu trabalho, em sua vida, afeta a todos. 

Aqui, torna-se fundamental o estudo e debate sobre Justiça Climática e a inserção do Sul Global dentro dela. Sabemos que diferentes nacionalidades afetam de forma diferente o clima, assim como sofrem as consequências das mudanças climáticas de maneira diferente também. Neste ponto, o Sul Global novamente sai perdendo para o Norte Global, apesar de ser a casa deste grande tesouro. Por isso, é fundamental mudarmos o nosso olhar.

Pode parecer duro o alerta... Mas só temos o plano A, um único planeta. Transformação social com autorresponsabilidade individual e consciência global.


Fonte: O GLOBO