Por outro lado, mortes caíram 48% no mesmo período, aponta monitoramento de agosto
O mundo registrou cerca de 1,5 milhão de novos casos da Covid-19 entre os dias 24 de julho e 20 de agosto, um aumento de 68% quando comparado ao total nos 28 dias anteriores. No mesmo intervalo, foram aproximadamente duas mil mortes, uma queda de 48% em relação ao período anterior. Os dados são da última atualização da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A organização destaca, porém, que os números de casos não representam fielmente a realidade devido à significativa diminuição na testagem e no repasse das informações pelos países à OMS. Esses números, por exemplo, não englobam registros da região das Américas. Logo, os reais devem ser maiores.
“Dados apresentados neste relatório são, portanto, incompletos e devem ser interpretados à luz dessas limitações”, diz o órgão. Cita ainda que “alguns países continuam a relatarem altas cargas pela Covid-19, incluindo aumentos em casos recentemente notificados e, mais importante, aumentos em hospitalizações e mortes – estes últimos considerados indicadores mais confiáveis, dadas as reduções das testagens”.
O relatório mostra ainda que, a nível global, embora os registros oficiais de mortes tenham apresentado uma queda, o número de 49.380 hospitalizações relatadas entre 17 de julho e 13 de agosto representou um aumento de 21% em comparação com os 28 dias anteriores.
Variantes em circulação
O monitoramento da OMS mostra ainda as versões do vírus da Covid-19 que circulam globalmente. As sublinhagens da Ômicron XBB.1.16 e EG.5 – a segunda pelidada de Eris e detectada recentemente no Brasil – são as mais prevalentes.
“Na semana epidemiológica 31 (de 31 de julho a 6 de agosto de 2023), XBB.1.16 e EG.5 representaram 23,9% e 23,8% das sequências em comparação com 23,0% e 21,7% na semana 27 (3 a 9 de julho de 2023), respectivamente”, diz o documento.
Especialistas ouvidos em reportagem recente do GLOBO consideram que, assim como ocorreu com as outras subvariantes da Ômicron, a tendência é que a EG.5 se espalhe no país e provoque um aumento dos casos. Porém, acreditam que novamente não deve ter grandes impactos nas internações e óbitos.
No último dia 9, a OMS emitiu uma avaliação de risco sobre a Eris destacando que, baseado na evidência disponível, o risco é baixo, semelhante ao das cepas anteriores. “Não houve nenhuma alteração relatada na gravidade da doença até o momento”, disse.
Além das duas variantes, o novo relatório da OMS destaca a identificação da BA.2.86 que, embora tenha sido detectada em poucos casos e em poucos países – EUA, Dinamarca, África do Sul, Israel e Reino Unido – chama atenção pela distância entre eles e pelo alto número de mutações.
São mais de 35 variações genéticas quando comparada à linhagem anterior. Em avaliação de risco recente, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) disseram que ela parece ser “mais capaz de causar infecção em pessoas que já tiveram Covid-19 ou que receberam vacinas contra Covid-19”. Mas destacou que “no momento, não há evidências sobre aumento na gravidade”.
Na atualização da OMS, o órgão diz que “o impacto potencial das mutações BA.2.86 é atualmente desconhecido e está em fase de avaliação cuidadosa". Diz ainda que "continua a apelar ao reforço da vigilância, sequenciamento e notificação das variantes do SARS-CoV-2 (vírus da Covid-19) à medida que o vírus continua a circular e a evoluir”.
O que os especialistas recomendam?
Frente à ameaça de uma nova onda devido às novas variantes da Covid-19, especialistas em reportagem recente do GLOBO destacaram que as seguintes medidas continuam recomendadas:
- Completar o esquema vacinal com a dose bivalente, que amplia a proteção contra a Ômicron;
- Imunizar bebês, crianças e adolescentes. Hoje a vacina está disponível no Brasil para todos a partir de seis meses de idade;
- Fazer o teste da Covid-19 se estiver com sintomas gripais, como coriza, nariz entupido, espirros e tosse;
- Em caso de sintomas, utilizar máscara enquanto não sair o resultado e, se der positivo, cumprir as orientações de isolamento;
- Grupos vulneráveis, como idosos, imunossuprimidos e gestantes, considerarem o uso de máscaras em locais de maior risco, como fechados, com aglomeração e mal ventilados.
Segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde, na semana que terminou no último dia 19 foram 8.156 novos casos de Covid-19 no Brasil. Em comparação com o total de duas semanas antes, o número diminuiu 28%. É o número mais baixo desde março de 2020, quando começou a pandemia.
Nessa época no ano passado, eram mais de 150 mil novos diagnósticos semanalmente no país. Para comparação, no pior momento de contágio da pandemia, quando a variante Ômicron começou a se espalhar pelo mundo, no início de 2022, o país chegou a registrar mais de 1,3 milhão de novos casos em uma semana.
Em relação às mortes, dado mais confiável devido à redução da testagem, dos dias 13 a 19 de agosto foram 116 vidas perdidas para o novo coronavírus. O número indica uma queda de 26% em comparação com duas semanas antes. Ao se analisar os últimos dois meses, porém, é possível observar que o total de óbitos a cada sete dias no Brasil variou de 103 (que foi o menor de toda a pandemia) a até 245.
Já no ano passado, a segunda semana de agosto contabilizou sozinha 1.461 mortes. No período mais letal da crise sanitária, em abril de 2021, houve uma semana em que o Brasil registrou 21,1 mil óbitos pela Covid-19.
Fonte: O GLOBO
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