O presidente tem se mantido em silêncio sobre os problemas do rival republicano com a Lei, enquanto partidários do magnata o acusam de instrumentalizar o Poder Judiciário
"Achei cativante", disse Joe Biden nesta terça-feira, pouco depois que seu antecessor Donald Trump se tornou réu pela terceira vez em um caso criminal federal. Porém, o presidente não se referia aos problemas judiciais de seu rival, mas a um filme. O democrata de 80 anos acabara de ver "Oppenheimer", depois de jantar com sua esposa Jill Biden em um restaurante do balneário de Rehoboth, em Delaware, onde está passando férias.
Enquanto isso, Trump, provável adversário de Biden nas eleições de 2024, lidava com uma nova acusação judicial por ter tentado reverter o resultado do pleito de 2020. É a terceira acusação em poucos meses contra o magnata republicano, que também responde por negligência na gestão de documentos confidenciais após deixar a Casa Branca e por pagar pelo silêncio de uma atriz pornô antes das eleições de 2016.
Ele ainda pode se tornar réu em um quarto processo, se for denunciado por pressionar funcionários para tentar alterar o resultado das eleições de 2020 no estado da Geórgia.
Trump discursa durante comício na Pensilvânia durante campanha pela indicação do Partido Republicano nas eleições de 2024 — Foto: JEFF SWENSEN / Getty Images via AFP
'Sem comentários'
O democrata, conhecido por suas gafes e comentários impulsivos, tem se mostrado bastante disciplinado no que diz respeito aos problemas jurídicos de Donald Trump. Em março, após a primeira acusação formal contra seu antecessor, o presidente americano repetiu sucessivamente aos jornalistas a mesma mensagem: "sem comentários", "não vou falar".
Na realidade, ele não tem outra opção, sobretudo enquanto a Justiça federal seguir seu curso no caso sobre os documentos e na investigação sobre as eleições de 2020.
O menor comentário daria aos partidários de Trump a chance de acusá-lo de instrumentalizar o Poder Judiciário, o que eles já fazem de qualquer maneira.
Cativante x entendiante
De um lado, Trump, com os processos que se amontoam na Justiça e suas já históricas imagens com a cara amarrada no tribunal. Até o momento, não há confirmação de que o ex-presidente comparecerá pessoalmente a uma audiência preliminar em Washington nesta quinta-feira pelo caso das eleições de 2020.
Na outra metade da tela, Biden, que segue de férias em Rehoboth. Talvez apareça na praia, como no domingo passado? Ou andando de bicicleta, sua atividade favorita de verão? Uma imagem de paz de espírito e descontração.
Se Trump é "cativante", o democrata de 80 anos assume, como ele mesmo já disse, que é "entediante". A aposta do presidente, candidato ao segundo mandato pelo Partido Democrata, é que os americanos desejam calma, previsibilidade e prosperidade.
Biden vai celebrar em 16 de agosto o primeiro aniversário de uma gigantesca legislação de investimentos, conhecida como "Lei de Redução da Inflação". Antes disso, viajará para o oeste do país para promover a "Bidenomics", sua estratégia econômica que, segundo ele, permitiu um crescimento sólido e um mercado de trabalho forte.
Mas não há certeza de que essas iniciativas lhe darão a vitória no ano que vem. Seu índice de popularidade entre a opinião pública é bastante baixo. O democrata, contudo, está convencido de que o tédio, mortal no cinema, é uma virtude para o sucesso nas urnas.
Fonte: O GLOBO
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