Vítimas incluem crianças e adultos; coordenadora do Grupo Vita, que busca prevenir as ocorrências, disse que ao menos 30 casos serão encaminhados às autoridades

O Grupo Vita, que se define como uma organização “isenta, autônoma e independente” que vista “acolher e prevenir situações de violência sexual” em igrejas portuguesas já recebeu 48 denúncias de abusos sexuais contra crianças e adultos na Igreja Católica em Portugal. A informação foi anunciada nesta quarta-feira por Rute Agulhas, coordenadora da plataforma.

À imprensa local, a psicóloga também ressaltou que “mais de 30 vítimas já deram consentimento para encaminhar as informações às autoridades competentes para posterior procedimento canônico e civil”, como é o caso das comissões diocesanas e os institutos religiosos, mas também da Procuradoria Geral da República (PGR). As exceções são os casos em que o suspeito morreu ou foi alvo de investigação.

Rute destacou, ainda, que os contatos recebidos são “um sinal claro de confiança” no Grupo, que funciona há três meses. A psicóloga apelou, também, para que as vítimas procurem ajudas, e disse que há cerca de 20 vítimas de violência sexual sendo encaminhadas para apoio psicológico e psiquiátrico junto aos profissionais que integram a instituição.

— Esta formação vai se repetir em duas datas distintas, já no próximo mês de setembro. Posteriormente, esses profissionais irão realizar a supervisão clínica — acrescentou a coordenadora. Segundo ela, outros pedidos de ajuda recebidos, mas que não se enquadram na intervenção do Grupo, também foram encaminhados às entidades competentes.

O Grupo Vita pode ser contatado por telefone ou formulário disponível online. Criado em abril no âmbito da Conferência Episcopal Portuguesa, a iniciativa afirma ter uma “posição inclusiva e de respeito à diversidade, sem discriminação em razão de ascendência, sexo, gênero, etnia, língua, religião, convicções políticas, expressão de gênero ou orientação sexual”.

A organização surgiu na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que, ao longo de quase um ano, validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e 2022.


Fonte: O GLOBO