Agentes encontraram 1,7 mil arquivos envolvendo pornografia infantil durante buscas; conhecidos obtidos na faculdade podem ter sido usado para manipular menores de idade

O estudante de psicologia de 26 anos acusado de abusar sexualmente de mais de 300 crianças usava jogos virtuais e se passava por menor de idade para aliciar as vítimas. Ele foi preso nesta quarta-feira, em Foz do Iguaçu, durante operação conjunta da Polícia Civil do Paraná com a Polícia Federal.

O delegado responsável pelo caso, José Barreto, afirma que o suspeito teria abusado sexualmente pelo menos de uma criança na própria casa, onde ocorreram buscas nesta quarta. De acordo com as investigações, o homem utilizava jogos virtuais para aliciar as crianças em troca de moedas virtuais e prêmios dentro dos jogos. A polícia apontou também que o estudante pode ter utilizado conhecimentos adquiridos na faculdade para induzir e manipular crianças.

A delegada-chefe da Divisão de Polícia Especializada da PCPR, Luciana Novaes, disse que as vítimas eram submetidas a situações de assédio e incentivadas a praticar atos sexuais virtuais para a satisfação da lascívia do estudante.

— É um crime muito silencioso porque a criança fica entretida horas nos jogos de computador, nos celulares. Nesse caso, o homem se passava por um colega de jogos, uma criança ou um adolescente. Se fazia passar por uma criança usando uma fala, uma linguística mais infantil. Os pais precisam ficar atentos porque esses jogos não são apenas distrações, são veículos em que as crianças podem ser vítimas de crimes — afirmou Luciana Novaes.

Os investigadores descobriram que, além dos estupros, o homem cometia abusos virtuais. Para isso, possuía vários perfis falsos na internet, que eram utilizados para aliciar crianças. Por meio de videochamadas, ele obrigava as vítimas a cometerem atos sexuais sozinhas e com objetos. Tudo era gravado, inclusive mostrando o rosto do abusador e suas reações, segundo a polícia.

Agentes prenderam no Paraná estudante acusado de abusar de 300 crianças — Foto: Divulgação/PCPR

O homem é acusado de estupro de vulnerável, estupro de vulnerável virtual, produção, armazenamento e compartilhamento de pornografia infantil e aliciamento de criança para a prática de atos libidinosos.

Nesta quarta-feira, agentes cumpriram um mandado de busca e apreensão num endereço ligado ao suspeito em que foram localizados arquivos de pornografia infantil. Com isso, o homem também foi autuado em flagrante por produção e armazenamento de material de exploração sexual infantil.

Ainda segundo a Polícia Civil paranaense, durante as diligências, os policiais identificaram mais de 1,7 mil arquivos envolvendo pornografia infantil. Mais de 350 foram produzidos pelo homem, enquanto ele cometia atos de estupro de vulnerável.

O homem armazena materiais pornográficos relacionados à pedofilia desde 2016. Os arquivos guardam provas de que os abusos infantis eram cometidos por ele contra crianças e alguns adolescentes menores de 14 anos.

O delegado José Barreto ressaltou a importância de pais e responsáveis monitorarem os contatos estabelecidos por crianças e adolescentes em redes sociais.

— Muito cuidado com o que seus filhos acessam em redes sociais, com quem estão conversando, se estão trocando fotos, o que há armazenado na galeria do celular e computador de crianças. É muito importante também ter um diálogo aberto com os filhos, mostrar os riscos da internet — alertou o delegado.

O homem vai continuar preso em Foz do Iguaçu. Segundo José Barreto, as investigações seguirão a cargo do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria) da cidade para localizar outras crianças que podem ter sido vítimas do abusador.

*Estagiária sob supervisão de Daniel Biasetto


Fonte: O GLOBO