Ao GLOBO, Rodney Vasques contou ter 'diferenças' com o parente bolsonarista e pontuou que 'famílias divididas ideologicamente' são 'o padrão do Brasil'

Uma postagem feita nas redes sociais por um irmão de Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), viralizou entre integrantes da corporação. Rodney Vasques, que se apresenta como designer gráfico em suas páginas no Facebook e no Instagram, costuma fazer críticas a Jair Bolsonaro (PL) e seu entorno. Silvinei está preso desde a semana passada sob a acusação de ter usado a instituição que comandava para interferir no segundo turno das eleições de 2022 a favor do ex-presidente.

No conteúdo que passou a ser compartilhado em grupos de agentes da PRF, Rodney faz um comentário ironizando o perfil do "militar brasileiro". "Estou de farda, mas não gosto de guerra. Eu gosto é de dinheiro público, joias e leite condensado", diz o texto.

A publicação ocorreu em meio à operação da Polícia Federal (PF) que mirou militares próximos a Bolsonaro por uma suposta venda ilegal de presentes oficiais recebidos pelo ex-presidente enquanto esteve no Planalto. Procurado pelo GLOBO, Rodney argumentou, em contato por um aplicativo de mensagens, que a postagem era "um meme, só isso".

— Tem relação ao tema que estava se falando ontem, e talvez amanhã será outro. Uma coisa instantânea, sem muito juízo de valor. Um negócio cheio de sarcasmo e humor — explicou, frisando, em referência ao irmão, que o conteúdo "não tem relação ao PRF".

A postagem de Rodney Vasques — Foto: Reprodução

Rodney contou ter "diferenças ideológicas" com o irmão bolsonarista, "somente isso", e pontuou que "famílias divididas ideologicamente" são "o padrão do Brasil". Embora diga que Silvinei "tem o caminho dele, e eu o meu", o designer faz questão de salientar que o parente "é uma grande pessoa" e que "não é um inimigo":

— Com certeza você tem o seu posicionamento, e pessoas contrárias a você dentro da sua família — afirmou ao repórter.

Questionado sobre a prisão do irmão, Rodney respondeu que sabe apenas "o que todos veem na mídia" e que não tem informações sobre o caso.

— Não vou julgar alguém por um ato, não conheço o processo, não sou o delegado... Não vou ficar no campo do achismo ideológico — disse, antes de complementar: — O Brasil foi partido, famílias foram partidas... Simples assim. Mas ainda temos memória afetiva. É isso!


Fonte: O GLOBO