Estatal também corta pagamento de dividendos, que será de R$ 15 bilhões, 39% abaixo do distribuído no primeiro trimestre
A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 28,78 bilhões no segundo trimestre deste ano. O resultado representa uma queda de 47% em relação ao mesmo período do ano passado, quando os ganhos chegaram a R$ 54,3 bilhões. Um dos principais fatores que contribuíram para o resultado foi a queda da cotação internacional do petróleo em relação ao mesmo período do ano passado.
Analistas projetavam lucro líquido entre R$ 23 bilhões e R$ 24 bilhões para o período entre os meses abril e junho. Eles lembraram que no ano passado o ganho foi turbinado pelo elevado preço do barril do petróleo no mercado internacional ao longo do segundo trimestre de 2022, quando estava cotado a US$ 113,78.
Além disso, o lucro em 2022 foi influenciado positivamente pelo ganho de capital de R$ 14,2 bilhões referente ao acordo de coparticipação em Sépia e Atapu, no pré-sal.
Assim, com o resultado no segundo trimestre deste ano, a Petrobras acumulou lucro líquido de R$ 66,94 bilhões no primeiro semestre deste ano. É 32% menor que o registrado nos primeiros seis meses do ano passado, de R$ 98,89 bilhões.
Com a nova política de distribuição de dividendos, a estatal anunciou que vai distribuir R$ 1,149304 em dividendos aos seus acionistas. Ao todo, o montante chega a R$ 15 bilhões. É uma queda de 39% em relação ao que foi pago no primeiro trimestre.
Balanço financeiro da Petrobras no segundo trimestre de 2023 — Foto: Editoria de Arte
O balanço do segundo trimestre é o primeiro resultado da empresa após a divulgação da nova política de preços dos combustíveis, anunciada em meados de maio deste ano. Na ocasião, a estatal abandonou a chamada PPI (paridade de importação), quando os preços eram balizados pelas cotações do petróleo e do dólar.
Em seu lugar, a estatal passou a adotar uma fórmula que leva em conta os custos internos de produção, que consideram capacidade de refino e logística, os preços de importação e exportação de petróleo e derivados, além do chamado "custo alternativo do cliente", que contempla as principais alternativas de suprimento de fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos.
Desde que a nova política entrou em vigor, analistas questionam os preços dos combustíveis vendidos pela estatal, que estão abaixo das cotações internacionais desde meados de maio. Nesta quinta-feira, segundo a Abicom, que reúne os importadores, a estatal vendia gasolina no Brasil com preço 20% abaixo do exterior. No caso do diesel, a defasagem é de 24%.
Baixa contábil em refinaria
Com a queda do preço do petróleo, a receita de vendas caiu 33,4% no segundo trimestre ante o mesmo período do ano passado, passando de R$ 170,9 bilhões para R$ 113,8 bilhões. A média do preço do brent no período passou de US$ 113,78 para US$ 78,39.
Frentista abastece carro em posto de combustíveis — Foto: Roberto Moreyra/Agência O Globo
"A receita com derivados no mercado interno caiu 13% no segundo trimestre em decorrência da redução média de 17% nos preços de derivados, acompanhando a queda de preços internacionais. Este efeito foi parcialmente compensado por maiores volumes, com destaque para a maior competitividade da gasolina frente às principais alternativas de suprimento dos nossos clientes", disse a Petrobras.
Área de refino tem queda na receita
Assim, além do menor valor do petróleo, a estatal atribuiu a redução do lucro a queda de mais de 40% na diferença entre o preço do diesel no mercado em relação ao preço do barril do tipo Brent (o chamado crack spread) e as maiores despesas operacionais, com destaque para gastos com impairment (baixa contábil) de R$ 1,9 bilhão da segunda unidade da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, e baixas tributárias, com impacto de R$ 600 milhões em decorrência do imposto sobre a exportação de petróleo.
Na área de "refino, transporte e comercialização", a receita de vendas caiu 33,7% no segundo trimestre deste ano, passando de R$ 157,4 bilhões, no início de 2022, para os atuais R$ 104,3 bilhões. O lucro bruto da área teve baixa de 66,2%, para R$ 8,6 bilhões. A estatal disse que o recuo ocorreu por conta do preço do diesel no exterior.
Dívida e investimentos sobem
A dívida bruta da companhia chegou a US$ 57,9 bilhões, alta de 8,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo a empresa, isso ocorreu em função do aumento dos arrendamentos com a entrada em operação dos FPSOs afretados Anna Nery e Almirante Barroso, que acrescentaram US$ 5,2 bilhões no passivo de arrendamentos da companhia.
Os investimentos da estatal somaram US$ 3,24 bilhões, alta de 5,5% ante mesmo período do ano passado.
Alta nas importações e queda na produção
Na semana passada, a estatal divulgou seu relatório de produção. O total comercial chegou a 2,3 milhões de barris de óleo e equivalente por dia, uma queda de 0,9% em relação ao mesmo período do ano passado. A produção de gasolina teve aumento de 7,4% ante mesmo período de 2022.
Em junho, a produção de gasolina foi de 421 mil barris ao dia, melhor resultado desde 2014. A produção de diesel cresceu 9,7% no mesmo período.
No período, a estatal elevou as importações de gasolina. A Petrobras também informou que suas importações tiveram alta de 642,9% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2022, passando de 7 mil barris por dia (Mbpd) para 52 mil Mbpd.
No primeiro semestre, o avanço foi de 228,6%. Para analistas, a estatal estaria aumento a compra no exterior para evitar um risco de desabastecimento, já que os importadores vêm reduzindo suas atividades.
Fonte: O GLOBO
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