Ex-presidente enfrenta agora não somente questões de elegibilidade, mas questões criminais

Não se sabe como será a sexta-feira do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas o fato é que os últimos sete dias foram terríveis. Na última sexta, houve a operação que revelou a venda de joias brasileiras doadas como presentes ao país por autoridades estrangeiras, e que foram vendidas no exterior pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e seu pai, o general Mauro Cesar Lourena Cid.

Houve ainda o caso do advogado do presidente, Frederick Wassef, que em um curto período de 24 horas mudou sua declaração sobre um desses presentes, um Rolex, primeiro negando ter conhecimento e depois admitindo a compra por US$ 50 mil à vista na tentativa de tentar encobrir a venda ilícita.

Em seguida, o advogado Cezar Bittencourt, que representa Mauro Cid, deu uma entrevista exclusiva ao Conexão, da Globonews, afirmando que seu cliente estava apenas seguindo ordens, o que deu a entender que mudaria o rumo da defesa.

E ontem a revista Veja trouxe informações exclusivas de que Cid vai confessar os crimes cometidos e dar as informações das circunstâncias. O ex-ajudante de ordens vai alegar que estava obedecendo ordens do então presidente da República e que entregou a ele o dinheiro da venda do Rolex. O artigo 22 do Código Penal reduz a culpabilidade de indivíduos que agem em obediência à hierarquia.

A semana péssima para Bolsonaro teve ainda as revelações feitas pelo hacker Walter Delgatti Neto, que trouxe à tona várias informações, como seu encontro com o ex-presidente para discutir uma tentativa de invadir urnas eletrônicas. Bolsonaro o encaminhou ao Ministério da Defesa, onde ele se reuniu cinco vezes com militares ligados à comissão de transparência.

É importante lembrar que esses militares estavam constantemente pressionando o Tribunal Superior Eleitoral para questionar a integridade das urnas eletrônicas. Agora, surge a possibilidade de uma tentativa de sabotagem das urnas, indo além de simplesmente minar sua credibilidade, mas buscando efetivamente prejudicar seu funcionamento.

As afirmações de Delgatti elevaram o patamar das acusações contra Bolsonaro.

Os últimos sete dias foram marcados por uma série de eventos terríveis para Bolsonaro. O ex-presidente enfrenta agora não apenas questões de elegibilidade, mas também questões criminais.


Fonte: O GLOBO