Escalada de militarização na região é resultado das tensões crescentes entre a Otan e Rússia e Bielorrússia, reforçada pela presença de homens do Grupo Wagner

A Polônia anunciou, nesta quinta-feira, o envio de 10 mil soldados para o leste do país, na fronteira com a Bielorrússia, em meio às tensões crescentes entre Varsóvia, Minsk e Moscou, com a chegada de homens do Grupo Wagner ao território bielorrusso. Na quarta-feira, o governo polonês havia informado que 2 mil soldados seriam mandados para a região.

— Serão quase 10.000 soldados: 4.000 deles participarão diretamente nas operações de apoio à polícia de fronteira e outros 6.000 como reforços — detalhou o ministro da Defesa polonês, Mariusz Blaszczak, em uma entrevista à rádio pública do país nesta quinta.

Recentemente, o país-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) fez um alerta sobre provocações bielorrussas e os riscos da presença do grupo mercenário Wagner no país vizinho. Varsóvia também acusa Minsk e Moscou de impulsionarem um novo fluxo recorde de migrantes para a União Europeia (UE) para desestabilizar a região.

Os guardas de fronteira polonesas afirmaram que 19 mil migrantes tentaram entrar no país desde o início do ano, contra 16 mil em 2022. Apenas em julho, mais de 4 mil tentaram atravessar a fronteira polonesa.

Guarda da fronteira polonesa patrulha região limite com a Bielorrússia — Foto: Wojtek Radwanski/AFP

Após o anúncio do envio do contingente militar polonês na quarta-feira, a Rússia prometeu retaliar. O ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, afirmou que as "ameaças" dos países ocidentais à fronteira russa "exigem uma resposta rápida e adequada.

— Ameaças para a segurança militar [de Moscou] se multiplicaram nas direções oeste e noroeste [...]. Estas ameaças [...] exigem uma resposta rápida e adequada. Discutiremos na reunião as medidas necessárias para neutralizá-las e tomaremos as decisões apropriadas — disse o general durante uma reunião com militares de alto escalão do Exército.

Shoigu mencionou diretamente a "militarização da Polônia" como um problema de segurança para Moscou, afirmando que o país se converteu "no principal instrumento da política anti-russa dos Estados Unidos".

Nos últimos meses, Varsóvia assinou importantes acordos de armas com Seul e Washington. Moscou acusa o governo polonês de querer reconquistar territórios no oeste da Ucrânia.


Fonte: O GLOBO