Novo levantamento da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos diz ainda que Paraná e Santa Catarina são os estados com maior número de doadores

A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira, afirmou que o Brasil bateu recorde de número de doadores de órgãos. O país chegou a 19 doadores por milhão de habitantes — nunca na história o Brasil tinha chegado neste número. A ideia da associação é chegar aos 20 por milhão de habitantes até o final do ano.

A ABTO também divulgou o número de transplantes feitos no Brasil no primeiro semestre de 2023. Ao total foram realizados 4247 transplantes, sendo mais de mil de fígado e pouco mais de 200 do coração. Ambos os órgãos também bateram recorde histórico de transplante. Foram 2 transplantes para cada milhão de habitantes de coração e quase 11 por milhão de fígado.

Os estados do Paraná e Santa Catarina são os que mais têm doares com cerca de 42 pessoas por milhão de habitantes. Rondônia vem em terceiro lugar com 30 doares por milhão de habitantes.

— Os transplantes estão saindo agora da pandemia. Estamos voltando a ter os mesmo índices de 2019, não é 100%, tem órgão que ainda não chegou e não bateu o recorde, mas estamos trabalhando para alcançar essas posições. O mais importante é ter órgãos para transplantar — explica Valter Duro Garcia, médico e membro da ABTO.

Ainda segundo a associação, a maioria dos doadores de órgãos são vítimas de AVC, homens e tem entre 50 e 64 anos. Apenas 13% das doações ocorre com pacientes acima dos 65 anos e mais de 40% são do tipo sanguíneo O.

Entretanto, a recusa da família em doar os órgãos do paciente também aumento. O que em 2019, antes da pandemia a taxa ficava entre 42%, este ano aumentou para 49%. Especialistas acreditam que um dos motivos pelo crescimento foi adicionar o exame PCR para Covid como essencial para doar os órgãos, o que levaria mais tempo de espera para a família.

Lista de espera

O Brasil tem 57.343 pessoas ativas em lista de espera por um transplante neste momento. Sendo mais de 31 mil aguardando um rim; 1343 fígado; 303 coração; 146 pulmão e 23.729 desejando uma córnea.

Quando se trata de pacientes pediátricos os números mudam um pouco. São 1175 crianças esperando por um órgão até junho deste ano. 490 aguardam por um rim; 68 fígado; 59 coração; 551 córnea e 7 esperam por um pulmão.

— Se temos uma lista grande é porque damos acesso para as pessoas terem o transplante. É entender que a lista não irá diminuir, mas temos que diminuir o tempo na lista e a mortalidade das pessoas que esperam em lista. Temos que ter órgãos para transplantar e temos que aproveitar este órgão, para isso precisamos ter mais doações — afirma Daniela Salomão, coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes.

Segundo Salomão, estão sendo feitas portarias junto com o Ministério da Saúde para ter incentivo financeiro que ajude a aumentar a lista de doadores de órgão e melhorar o sistema de doação com mais qualidade e também uma segunda portaria para incentivar a doação de órgãos.

O presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, Gustavo Fernandes Ferreira, como comparação citou o caso dos Estados Unidos, país que é exemplo quando o assunto é doação de órgãos.

— Os Estados Unidos, por exemplo, tem hoje mais de 100 mil americanos em lista esperando por um órgão. Não diminui a qualidade do serviço, mas oferece mais acesso aos americanos. É é exatamente isso que estamos fazendo no Brasil — disse.

— A tendência da lista de espera é crescer, pois hoje não tem mais limite de idade para entrar nela. Tendo uma boa saúde para ser transplantado, o paciente entra na lista e espera o órgão. Se melhorar a assistência médica, este número cai. O que é importante saber é quantas pessoas morrem esperando o órgão, isso sim precisa diminuir — explica José Osmar Medina, membro do conselho consultivo da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos.


Fonte: O GLOBO