Empresa do mesmo grupo da Omni Táxi Aéreo inicia operação de mobilidade aérea urbana de olho no mercado de carros voadores elétricos

Depois de algumas tentativas frustradas, as viagens de helicóptero por aplicativo para fugir do caótico trânsito de São Paulo voltaram. O grupo português OHI, dono da Omni Táxi Aéreo, especializada em operações offshore, para plataformas de petróleo, estreia hoje uma ponte aérea ligando o coração financeiro de São Paulo ao aeroporto de Guarulhos.

Diferentemente da Uber, que em 2016 tentou popularizar as viagens de helicóptero oferecendo o trajeto por R$ 66 — a conta não fechou e a operação foi descontinuada um mês depois — o novo serviço será voltado para um público de alta renda. Os assentos na ponte Faria Lima-Guarulhos custam R$ 3,5 mil.

A operação é da Revo, nova plataforma de mobilidade aérea urbana do grupo OHI e que nasce de olho no futuro mercado de carros voadores elétricos, os e-vtols. A empresa já anunciou a intenção de compra de 50 e-vtols da EVE, subsidiária da Embraer, e é parceira da fabricante brasileira nos estudos para o desenvolvimento do ecossistema de mobilidade aérea urbana.

Além da ponte Faria Lima-Guarulhos — um voo de 8 minutos —, a Revo também vai ligar a Faria Lima à Fazenda Boa Vista, o condomínio de luxo da JHSF em Porto Feliz, interior de São Paulo, com voos regulares para atender a demanda de final de semana. Aqui, o assento vai custar R$ 5 mil. O trajeto de 100 km que por terra pode demorar mais de duas horas, leva 30 minutos pelo ar.

A solução da Revo é de porta a porta: a tarifa inclui o transporte terrestre em carro de luxo para o heliponto que é a base da companhia, na Av. Juscelino Kubitschek, e todo o serviço pode ser contratado pelo aplicativo da Revo, com pagamento debitado automaticamente, como nos aplicativos de corrida.

O desenho das rotas envolveu dois anos de planejamento com uso de inteligência artificial para a construção de um enorme banco de dados com informações de cinco anos de fluxo de trânsito em São Paulo, horários de voos internacionais e entrevistas com potenciais clientes. — Fizemos um estudo muito profundo de demanda e acreditamos que temos o produto adequado para o público de alta renda, com segurança operacional e preço correto — diz o CEO João Welsh, executivo português que está há quase dez anos no grupo e que está se instalando no Brasil.

A intenção é abrir mais rotas e mais bases no futuro, chegando a 12 helicópteros em cinco anos e ir preparando o terreno para a entrada em operação dos e-vtols. — Somos uma empresa de mobilidade aérea urbana e já estamos nos posicionando para a chegada dos veículos elétricos, quando deverá haver uma maior massificação do serviço — diz Welsh.

O negócio nasce com dois helicópteros bimotores da Airbus — o modelo H135, para até cinco passageiros, e o H155, até oito. Eles pertencem à frota da Omni, que será responsável pela operação aérea. A Omni foi criada pelo brasileiro Roberto Coimbra com um sócio português e é a maior empresa de táxi aéreo offshore da América Latina. A empresa é responsável por 60% da demanda da Petrobrás e transportou 500 mil passageiros no ano passado.

O CEO da Revo, João Welsh, projeta transportar 3,7 mil passageiros até o fim do ano, com uma receita de US$ 2 milhões — e vê potencial para alcançar US$ 80 milhões em cinco anos só com helicópteros, sem considerar o possível início de operação dos e-vtols.

O público alvo hoje são os 750 mil de CPFs que viajaram de executiva ou primeira classe em Guarulhos no ano passado, e as 580 famílias que frequentam a Fazenda Boa Vista. Hoje, 6 dessas famílias possuem helicóptero, próprios ou cotas. A aposta é que aqueles que não costumam voar de helicóptero por uma questão de preço, vejam valor na compra de um assento em ocasiões especiais. Hoje o fretamento de um helicóptero similar aos da Revo para voar de São Paulo até Guarulhos custa R$ 20 mil. Para a Fazenda Boa Vista, R$ 35 mil.

A operação começa com 40 voos semanais (pousos e decolagens), sendo 30 na rota Guarulhos e 10 na da Fazenda Boa Vista.

O grupo OHI tem sede em Portugal e é controlado pelo fundo Sterling Capital Group. O faturamento foi de 300 milhões de euros no ano passado.


Fonte: O GLOBO