De ascendência indígena otomí e de origem popular, Gálvez é símbolo do ressurgimento da oposição, antes enfraquecida e dividida

A senadora de direita Xóchitl Gálvez será a candidata da coalizão opositora nas eleições presidenciais do México em 2024, onde é esperado que ela concorra contra outra mulher, a ex-prefeita da Cidade do México Claudia Sheinbaum, que lidera as preferências do lado governista. Se Sheinbaum for confirmada como candidata do governo, seria um cenário inédito na história do México, com duas mulheres como as principais opções na cédula eleitoral.

Alejandro Moreno, líder nacional do PRI — um dos três partidos que compõem a coalizão juntamente com o Partido Ação Nacional (PAN) e o Partido da Revolução Democrática (PRD) — anunciou nesta quinta-feira que seu partido desistiria em favor de Gálvez. A também senadora Beatriz Paredes, que era pré-candidata pelo PRI, renunciou à disputa durante uma reunião com a direção de seu partido.

— Tomamos a decisão de apoiar a candidatura única na pessoa de Xóchitl Gálvez para liderar a Frente Ampla pelo México — disse Moreno à imprensa.

Mais cedo, a frente opositora informou que Gálvez, apoiada pelo PAN (partido de centro-direita), liderava as pesquisas da oposição para definir a candidatura presidencial com 57,88% das intenções, contra 42,42% de Paredes. A liderança do PRD também manifestou publicamente seu apoio a Gálvez como candidata da frente.

"Graças ao apoio e carinho de vocês, vencemos a pesquisa da Frente Ampla pelo México. Está apenas começando", afirmou Gálvez na rede social X, antes Twitter.

Gálvez, de 60 anos, tem grandes chances de enfrentar outra mulher na disputa de 2024, Claudia Sheinbaum, a favorita nas pesquisas do governo, que ainda precisa garantir a candidatura de seu partido. A candidata governista será anunciado em 6 de setembro.

Processo antecipado

O presidente do PRI havia antecipado nos dias anteriores que as pesquisas não favoreciam a senadora Paredes, acelerando assim o processo de escolha do candidato presidencial da oposição. A frente tinha planejado realizar uma consulta cidadã aberta no domingo, 3 de setembro, que seria a definitiva para escolher a candidata.

De ascendência indígena otomí e de origem popular, Gálvez é símbolo do ressurgimento de uma oposição que estava enfraquecida e dividida. Ela se tornou alvo de ataques do presidente de esquerda, Andrés Manuel López Obrador, desde o lançamento de sua candidatura em junho.

Claudia Sheinbaum, de 61 anos, é a favorita, ao lado do ex-chanceler Marcelo Ebrard, na disputa pela indicação presidencial do Movimento de Regeneração Nacional (Morena), partido de esquerda nacionalista, para suceder o presidente Andrés Manuel López Obrador, conhecido como AMLO. Ambos buscam capitalizar a herança política de AMLO, que mantém uma aprovação de cerca de 60% após quase cinco anos de mandato e não pode se reeleger.

O Morena está conduzindo uma pesquisa nacional desde segunda-feira que definirá o candidato entre Sheinbaum, Ebrard e outros quatro nomes menores para suceder López Obrador. O partido anunciará os resultados em 6 de setembro.

O processo, no entanto, não tem estado isento de críticas. Ebrard denunciou irregularidades na condução da pesquisa e o uso do aparato oficial para favorecer Sheinbaum.

Em junho de 2024, serão realizadas as eleições presidenciais no México, onde além da Presidência, todo o Congresso bicameral e 9 governos estaduais dos 32 estados do país serão renovados. O governo chega com força à eleição, pois com apenas nove anos de existência, o Morena domina ambas as câmaras do Congresso e governa 23 dos 32 estados mexicanos.


Fonte: O GLOBO