Onda de calor pode gerar piora dos sintomas, como aumento do fluxo e cólicas mais intensas e até mesmo alterar o início do período menstrual
A onda de calor que afeta o Brasil tem gerado muitos desconfortos. Já está mais do que comprovado que o calor excessivo prejudica a saúde, como sobrecarregar rins e coração. No entanto, o calor também tem sido associado à piora da menstruação.
Aumentaram, nos últimos dias, relatos de mulheres sobre a piora nos sintomas desse período, incluindo aumento do fluxo menstrual e cólicas mais intensas. Há até mesmo relatos de alteração do período menstrual. Mas, afinal, o calor realmente pode realmente causar essas alterações?
De acordo com o médico Maurício Abrão, coordenador de ginecologia da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, sim. O calor causa muitas alterações no corpo, como vasodilatação e desidratação, o que, por si só já podem contribuir para o aumento do fluxo menstrual, por exemplo. Mas existem outros mecanismos envolvidos.
— O calor causa estresse térmico e estresse físico, que gera um pico de adrenalina e outras alterações fisiológicas no corpo. O pico de adrenalina estimula o hormônio GNRH, que é o começo de toda a cadeia hormonal. Isso também gera aumento da produção de estrogênio, e, consequentemente, aumento do sangramento menstrual e da dor — explica o médico.
Esse pico de adrenalina que estimula a produção de vários hormônios, incluindo o estrogênio, também pode interferir no ciclo menstrual, fazendo com que ele aconteça alguns dias antes.
Piora dos sintomas
Toda pessoa que menstrua sabe que o quão desconfortável é esse período, independente da época do ano. Dor, incômodo, irritação e inchaço são praticamente sinônimos de menstruação. Mas, em períodos de calor extremo, tudo isso piora.
— Os dias muito quentes podem piorar os sintomas da TPM, como irritabilidade, indisposição, cansaço e inchaço. Mulheres que tem fluxo moderado ou intenso podem ter um desconforto maior ainda porque o calor acentua sintomas que elas já podem apresentar normalmente, como desidratação e queda da pressão arterial — avalia a ginecologista Carolina Fernandes Giacometti, do Hospital Albert Einstein.
Para reduzir esse desconforto, a médica recomenda manter a hidratação intensa, evitar longos períodos de exposição ao sol, manter uma alimentação leve e saudável e evitar o consumo de sódio.
O uso de absorventes externos nessa época do ano também pode ser inconveniente. Além de desconfortável, esse tipo de absorvente pode contribuir para o desequilíbrio da flora íntima. Nesse caso, é recomendado trocá-lo com mais frequência do que nos dias mais frescos ou ainda optar por outras opções que não alteram a flora vaginal, como absorvente interno - que mesmo assim deve ser trocado a cada 4 horas - ou coletor menstrual, que pode ser utilizado por até 12 horas.
Fonte: O GLOBO
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