Três passageiros da aeronave estavam à caminho de Macapá para prestar atendimento médico à comunidades indígenas

Tripulantes de um helicóptero que caiu no interior do Amapá sobreviveram na mata por três dias antes do resgate. O caso aconteceu no dia 16 de agosto e o resgate chegou apenas no dia 19. 

O piloto Josilei Albino de Freitas, o engenheiro da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) José Francisco Vieira e o mecânico Gabriel Assis estavam a bordo da aeronave que usavam para prestar atendimento médico à comunidades indígenas que não podem ser acessadas por estradas. O helicóptero caiu cerca de 10 minutos antes de chegar ao destino.

A aeronave caiu acima de duas árvores, que amorteceram a queda, após uma pane mecânica. O acidente aconteceu na região da Serra do Navio, a cerca de 130 quilômetros de distância de Macapá, onde ficava o destino final da viagem.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o piloto de 51 anos, que acumula 25 anos de experiência em aviação, contou que considera um milagre ele e os outros dois tripulantes da aeronave terem saído vivos da queda.

— De cada dez helicópteros que caem na floresta amazônica, quatro não são encontrados e em praticamente todos os acidentes há registro de óbitos — relatou.

Freitas contou ainda as táticas usadas para sobrevivência do grupo. Na aeronave havia uma carga de alimentos com quase sete quilos de peixes, barracas e redes. Os peixes foram defumados pelo trio para evitar que apodrecessem e as redes usadas para dormir enquanto permaneciam perdidos na mata. Para afastar os animais, o trio fazia as necessidades fisiológicas nos arredores do ponto ondo caíram para que eventuais visitantes entendessem que já tinha pessoas na região.

— Dormia na rede, mas só pegava no sono às três da manhã, quando o cansaço vencia o medo — disse Freitas.

Além disso, o especialista em aviação usava o rádio do helicóptero todos os dias no mesmo horário para pedir socorro. Sem retorno de outras aeronaves, o mecânico Assis usou um colchão inflável para descer um rio e buscar ajuda, mas sem sucesso.

No manhã do dia do resgate, Freitas e o engenheiro enviaram uma nova mensagem pelo rádio ao ouvir barulhos de avião. Tripulantes da aeronave do Pará ouviram o pedido de socorro e, na tarde do mesmo dia, a Força Aérea Brasileira (FAB) realizou o resgate da dupla que ficou no local da queda e do mecânico que desceu o rio em um colchão.

Na queda, Assis fraturou uma costela e o engenheiro bateu a cabeça. Após o resgate, o trio dava sinais de desidratação, mas nenhum tripulante sofreu danos mais graves à saúde.


Fonte: O GLOBO