Prefeitura de São Paulo reformou mirante sobre o viaduto Júlio de Mesquita Filho por R$ 4,3 milhões em esforço para revitalização do Centro
Uma pausa antes de responder. Um olhar indeciso ao redor. Se a opinião dos moradores sobre o novo mirante da Praça Roosevelt não é categórica, ao menos a recepção da reforma é positiva. "Melhor do que antes", avalia, em média, quem passa pelo lugar. Após oito meses de obras, a Prefeitura de São Paulo entregou na última quarta-feira o Belvedere Roosevelt. Trata-se de um espaço público de convivência que substitui uma área subutilizada da praça, bem no marco zero da movimentada Rua Augusta.
O equipamento traz nova iluminação, bicicletário e jardins de chuva somados à arquibancada central de concreto. A escadaria que leva do mirante à rua Avanhandava, bastante usada por quem desce até o sacolão, também foi reformada, e há um acesso para food truck ainda não aproveitado. Por fim, um grafite do artista Gabriel Nunes e uma escultura em formato de árvore, cujas folhas de metal balançam com o vento, compõem o ambiente.
O investimento de R$ 4,3 milhões faz parte de um esforço de revitalização do Centro, no âmbito das ações do comitê #TodosPeloCentro. A ideia é que as reformas ajudem a atrair negócios e moradores para revitalizar a região.
— Virou um bom fumódromo — define o gerente comercial Vítor Moraes, de 26 anos, que mora por perto e levou o cachorro Frodo para passear no endereço recém-inaugurado na manhã desta quinta-feira. — O espaço é bom pela vista, é tranquilo. Mas me impressionou quando você falou o valor (da obra). De jeito nenhum compensou — diz ele.
O panorama do mirante comentado por Vítor é o viaduto Júlio de Mesquita Filho, que corta o bairro da Bela Vista e faz a ligação leste-oeste da cidade — uma contemplação um tanto quanto paulistana.
A área, um espaço remanescente da estrutura projetada para a conexão das vias Amaral Gurgel, Minhocão e o viaduto, ganhou quatro câmeras de segurança e uma faixa de pedestres elevada, cruzando a rua Augusta.
A aposentada Milza Diana de Jesus, de 70 anos, ao menos gostou do resultado. Para ela, a iluminação deixou o ambiente menos inseguro, e o valor investido "vale a pena se o brasileiro preservar mais" os locais públicos.
— Quem põe defeito é que não conhecia como era antes — afirma.
Novo espaço da Praça Roosevelt atrai skatistas de olho em nova pista — Foto: Guilherme Caetano/ Agência O Globo
Nesta manhã, debaixo de garoa, o Belvedere atraiu poucos curiosos, entre os quais os mais empolgados estavam o skatistas. Luís Renato Segato, de 25 anos, mal havia chegado e começou a fazer o reconhecimento do local para ver se compensava botar o shape para jogo.
— Eu daria nota 7. Podia ser melhor aproveitado para pedestre, skate. Mas no quesito segurança, ficou melhor mesmo — diz ele.
A Prefeitura diz ter havido preocupação com o meio ambiente ao usar entulho do local na própria obra para reduzir o descarte de resíduos sólidos, por exemplo, e ao manter a drenagem original para evitar a contaminação dos jardins de chuva.
A arquibancada do Belvedere foi usada de cama por pessoas em situação de rua em sua primeira madrugada, e na manhã seguinte atraiu a curiosidade de fumantes e pessoas que esperavam pelo ônibus no ponto em frente. Para algumas delas, será preciso esperar o fim de semana da badalada Praça Roosevelt para ver se o endereço terá mesmo o uso que se espera — ou se será abandonado de novo, como antes da reforma.
Fonte: O GLOBO
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