Capitaneados por André e Bruno Guimarães, grupo tem oito dos 23 convocados após corte de Antony e chegada de Lucas Perri

Não se pode dizer que o novato Fernando Diniz está em casa no início de trabalho como técnico interino na seleção brasileira. Entretanto, um grupo de fiéis escudeiros vai lhe dar o acolhimento inicial para, aos poucos, “criar vínculos” com os atletas que já vinham sendo convocados, nas palavras do treinador. A presença de jogadores com quem o comandante já trabalhou nos clubes por onde passou vai ajudar a compensar a falta de tempo para estreitar laços e difundir ideias de jogo com apenas três sessões de treino até a estreia contra a Bolívia na sexta-feira, em Belém.

São oito atletas da lista de 23 que já tiveram contato direto com o “Dinizismo”. Seriam nove, não fosse o corte do atacante Antony, em função das polêmicas sobre a suposta agressão à ex-namorada. Os principais homens de confiança hoje são Bruno Guimarães, com quem Diniz tem relação pessoal desde o seu início como treinador, no Audax-RJ. E a dupla do Fluminense, André e Nino. Os demais são Caio Henrique, Raphael Veiga, Renan Lodi, Roger Ibañez e Lucas Perri.

Por que André é hoje a relação mais importante

A manutenção de André na lista depois da chegada do técnico tem a ver com o mérito de suas atuações pelo clube, mas passa também por uma confiança mútua, que faz do volante muitas vezes a personificação em campo do jeito Diniz de pensar futebol e as relações da vida.

Do ano passado para cá, a manutenção de André e do técnico no Fluminense teve ligação direta. O treinador só aceitou renovar o contrato se o meio-campo fosse mantido clube, apesar do assédio internacional. E o próprio jogador bateu o pé e recusou as investidas do Liverpool, pois havia se comprometido com Diniz de que ficaria até o fim da participação na Libertadores.

O técnico tinha sinalizações de que Corinthians e Atlético-MG o queriam para 2023. E a condição foi manter a espinha dorsal do Fluminense, com André, e também Nino, Arias, Ganso e Cano. Mas o volante era o mais atrativo para o mercado internacional. Mesmo assim, o jogador confiou no trabalho do técnico e concluiu que outras ofertas viriam adiante, com o desempenho no Fluminense e as chances em sequência na própria seleção brasileira. André foi convicto e confiou no seu talento, mas também na conexão com Diniz.

Bruno começou e cresceu com Diniz

Outro que tem ligação de longa data com o técnico é o meio-campo Bruno Guimarães. Bruno é quase uma criação de Diniz. Eles trabalharam juntos no Audax, no início da carreira do atleta, e depois no Athletico-PR, quando o jogador deslanchou e acabou vendido para o Lyon-FRA, em 2018. Antes, mesmo com a saída de Diniz do Furacão, tornou-se titular absoluto com Tiago Nunes e participou da conquista da Sul-Americana.

— Tenho relação de pai para filho com o Diniz. Meu primeiro treinador, que me levou ao profissional. Isso me marca. O estilo nunca mudou. O Diniz melhora todos os jogadores. Quando vocês trabalha com ele você vai melhorar. Sou o que sou e devo muito a ele, na parte técnica, tática. Por não ter medo de jogar — declarou Bruno Guimarães ao GLOBO antes da Copa do Mundo do Catar.

Bruno não é a única criatura de Diniz. No Fluminense, Caio Henrique passou de meia-esquerda para a lateral-esquerda, e deslanchou para ser vendido depois de 2019 ao Monaco, da França. Renan Lodi, hoje no Olympique de Marselha, iniciou sua jornada no Athletico-PR, em 2018, sob a bênção do técnico.

Quinteto foi influenciado pelo técnico

Os demais jogadores não tiveram a mesma vivência, mas têm noção clara dos preceitos do técnico dentro de campo. Emprestado em 2018 pelo Palmeiras ao Athletico-PR, Raphael Veiga teve poucas chances com o técnico. Foi mais utilizado, naquele ano, depois da saída de Diniz. Roger Ibañez formou dupla de zaga no Fluminense com Matheus Ferraz nos dois primeiros jogos de Diniz, em 2019. Logo depois se transferiu para a Atalanta, da Itália. Hoje defende o Al-Ahli, da Arábia Saudita.

Chamado para a vaga de Bento, cortado, Lucas Perri foi indicado por Diniz a reserva de Tiago Volpi no São Paulo, em 2020, após Jean ser preso nos Estados Unidos acusado de agredir a esposa. Antony também trabalhou com o atual técnico da seleção no São Paulo. O atacante, na temporada seguinte, deixaria o Brasil para atuar no Ajax, da Holanda, antes de ir para o Manchester United, onde joga hoje.


Fonte: O GLOBO