Grife masculina tem fundo do Bradesco como sócio e reposicionou marca na pandemia

Fundada há 28 anos com foco em ternos e gravatas, a Aramis vem perseguindo mais recentemente o que o CEO Richard Stad chama de “casual sofisticado”. Mas a cidade brasileira cujo estilo é casual por excelência, como o próprio executivo admite, escapava à sua operação — até agora.

A grife de moda masculina abrirá na próxima terça-feira sua primeira loja no Rio, no shopping Rio Design Barra, em um passo que faz parte do plano de Stad para dobrar o faturamento até 2026 — um desafio, diante da crise que pressiona o varejo e favorece a consolidação. Este ano, a Aramis pretende fechar com R$ 600 milhões em receitas e R$ 75 milhões em Ebitda, um indicativo de rentabilidade operacional.

— ‘Timing’ é tudo na vida. Até então, a gente não tinha colocado nossa força no Rio, mas é isso que a gente vai fazer agora. Consideramos que nosso produto está pronto para o Rio — diz à coluna o CEO, cujo pai, o francês Henri Stad, fundou o negócio a partir de uma loja no Shopping Iguatemi em São Paulo.

Três lojas no ano que vem

Embora um carioca ostente o título de “trendhunter” (caçador de tendências) da Aramis — o ator Cauã Reymond —, a única loja da Aramis na região metropolitana do Rio ficava até agora no Outlet Premium, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense. Enquanto isso, a grife está em 33 endereços no estado de São Paulo e em três em Belo Horizonte, por exemplo. Ao todo, a Aramis tem 116 lojas e deve terminar o ano com 120 unidades.

— O Rio é mais casual por natureza. Por isso, ele será parte importante da nossa expansão a partir de agora. Vamos abrir mais três lojas no Rio no ano que vem. A cidade tem bons shoppings e já estamos avaliando espaços — acrescenta Stad, que assumiu o comando da Aramis em 2014, aos 28 anos, no momento em que a gestora de participações do Bradesco, a 2B Capital, comprou 48% do negócio.

A primeira loja carioca terá 105 metros quadrados e uma área dedicada à Urban Performance, marca própria lançada em 2022 e que usa tecidos esportivos para criar peças para o dia a dia. Ela, aliás, é representativa da guinada casual da Aramis adotada na pandemia, quando a demanda pelo portfólio tradicional da grife foi abalada pelo advento do home office.

— Quando tudo fecha, você percebe suas fragilidades. A gente entendeu que era uma marca reconhecida por qualidade e caimento, mas que tinha uma cara muito tradicional. Tínhamos o desafio de mexer no produto, na loja e no time para levar nossa marca para o casual sofisticado — explica.

IPO

O CEO sustenta que a marca cresceu 14% ao ano entre 2014 e 2019, mas acelerou o ritmo após a reorientação. Segundo ele, desde 2019, o balanço dobrou de tamanho. (Além de lojas próprias e franquias, a companhia também vende por meio de e-commerce e em 1,2 mil multimarcas pelo país).

O crescimento e a comunicação mais incisiva da grife no passado recente fizeram com que o mercado suspeitasse da iminência de um “evento de liquidez” na Aramis para dar saída ao fundo do Bradesco. Um dos caminhos seria um IPO (sigla em inglês para oferta inicial de ações, ou estreia na Bolsa).

— A janela brasileira para IPOs é restrita. Quando houver janela, a gente quer fazer. Estamos preparando a companhia para isso, mas não controlamos o tempo. Então, o IPO é um meio, não um fim. Além disso, não temos qualquer dívida, estamos com o balanço limpo — argumenta Stad.


Fonte: O GLOBO