Direção teve ideia, compartilhou com os pais, que aprovaram a ação, para a alegria das crianças; com o sucesso, pequenas piscinas foram compradas

A forte onda de calor da segunda quinzena de setembro levou profissionais da educação a buscarem soluções para amenizar a sensação térmica nas escolas. Em Brasília, o caminho da Escola Classe 106 Norte foi levar a maior alegria para as crianças: um recreio molhado foi criado com banho de mangueira. Com o sucesso, pequenas piscinas foram compradas também. 

— O calor excessivo acaba interferindo nas atividades, então esse tipo de medida representa a escola cumprindo sua função de pensar em estratégias para contornar os obstáculos entre os estudantes e o processo de ensino-aprendizagem — conta Laryssa Lima, professora da Escola Classe 106 Norte.

Pesquisadores da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) mediram durante um ano a variação térmica de escolas em Minas Gerais e descobriram que os maiores problemas de falta de atenção dos alunos se davam justamente em períodos muito quentes ou muito frios.

— Situação de desconforto físico faz com que o corpo não mantenha o foco no que está sendo passado em sala de aula. Se tira o aluno da zona de bem-estar, os níveis de atenção fatalmente decaem — diz Caio Marçal, doutorando na Faculdade de Educação da USP.

Cada turma na escola de Brasília tem seu dia e horário. As crianças, claro, ficam na maior empolgação para desfrutar dos momentos refrescantes, como a escola nomeou.

— As crianças têm o cronograma na ponta da língua. Sabem exatamente os dias e horários e já vêm prontinhos para a experiência — diz a professora, na rede desde 2019.

Crianças em piscina numa escola de Brasília — Foto: Brenno Carvalho

Levantamento de O GLOBO na base de dados do Censo Escolar mostra que sete em cada dez salas de aula de unidades municipais e estaduais no país não são climatizadas, segundo o Censo Escolar de 2022. De acordo com definição do Inep, responsável pelo Censo, entende-se como salas de aula climatizadas aquelas que possuem equipamentos (ar-condicionado, aquecedor ou climatizador) em funcionamento para manter a temperatura agradável.

Calor deve voltar

O Climatempo informou na última sexta-feira que, depois da forte onda de calor da segunda quinzena de setembro, há uma grande expectativa de que as temperaturas voltem a subir muito em outubro, já que este é mês tipicamente de picos de calor no Brasil.

"O histórico de calor do Brasil mostra que muitas temperaturas extremas ocorreram em outubro. O mais recente e melhor exemplo é a onda de calor histórica que o Brasil viveu na primavera de 2020, que reescreveu a Climatologia de calor extremo no país", informou o site especializado em meteorologia.

Segundo eles, oito das 15 temperaturas listadas ocorreram em outubro de 2020. Antes da intensa onda de calor da primavera de 2020, as maiores temperaturas no Brasil eram no patamar de 43°C. Depois dela, o dígito mudou para 44°C.

Nas últimas duas semanas, o Brasil chegou a registrar temperatura de 43,5°C, em São Romão (MG), onde nenhuma sala de aula é climatizada. Professores e alunos vêm buscando soluções improvisadas. No Amazonas, estudantes de São Paulo de Olivença foram ter aula no quintal. Em Goiás, jovens levaram seu próprio ventilador para a sala de aula em Aparecida de Goiânia para se refrescarem. Escolas de Minas Gerais e do Piauí diminuíram o tempo de aula nos dias mais quentes.


Fonte: O GLOBO