CEO da Flybondi Maurício Sana diz que o volume de litígios é desproporcional ao tamanho de sua operação no país e que os custos inviabilizam o investimento para uma operação no mercado doméstico
Em 5 anos de operação — incluindo uma pandemia no percurso —, a companhia aérea de baixo custo Flybondi conquistou 20% do mercado na Argentina, fazendo crescer o volume de passageiros transportados no país com tarifas 30% mais baratas que a concorrência.
A empresa opera uma frota de 15 Boeings 737 e anunciou na semana passada uma fusão com um veículo de investimento (SPAC) listado na Nasdaq, devendo chegar à bolsa americana no segundo semestre do ano que vem.
Mas o mercado argentino, com seus 22 milhões de passageiros, está pequeno para a companhia, que tem entre seus acionistas empresários argentinos e europeus, incluindo alguns veteranos do setor, como Richard Cawley, que por duas décadas foi o segundo executivo da Ryanair, e Mike Powell, ex-Wizz Air e que fundou também a Arajet.
A empresa já voa de Buenos Aires para três destinos no Brasil (Rio, São Paulo e Florianópolis), mas seu maior interesse é explorar aquele que é o quarto maior mercado doméstico para a aviação no mundo, com seus 100 milhões de passageiros.
Mauricio Sana, CEO da companhia, diz que a empresa está pronta e capitalizada para enfrentar a concorrência de Gol, Azul e Latam no mercado doméstico brasileiro. No entanto, uma jabuticaba a fez abortar esse plano de voo: o excesso de processos judiciais por danos morais.
Em outros países, há um entendimento de que atrasos e cancelamentos motivados por fatores externos, como uma tempestade, não justificam ganho de causa por danos morais. As empresas fazem acertos extrajudiciais, reembolsando ou reacomodando em outros voos.
— O Brasil é muito atrativo para nós. É um mercado com muito potencial. Mas o nível de litígios contra as companhias aéreas em caso de problemas operacionais e a forma benevolente como o Judiciário trata o consumidor é um impedimento. Qualquer um que apresenta queixa, ganha. Se isso continuar assim, não vamos voar no mercado doméstico — diz Sana, que afirma ter conversas com autoridades do setor em Brasília para tratar da questão.
A Flybondi enfrenta duas vezes mais litígios no Brasil, onde opera 5 voos por dia, do que na Argentina, onde realiza 100 voos por dia. — Não faz o menor sentido. Esses litígios são muito custosos. Um problema operacional com um voo pode quebrar meu negócio — afirma.
Segundo cálculos da Anac, a judicialização do transporte aéreo custa algo em torno de R$ 1 bilhão para as companhias por ano no Brasil.
A Flybondi tem introduzido inovações no mercado, como bilhetes não nominais que podem ser revendidos. A empresa diz estar entre as 5 companhias mais eficientes em ocupação de assentos e tempo de uso de aeronaves.
A taxa de ocupação é de 91%. A média no Brasil em setembro foi 81,7%. Para alcançar esse nível de aproveitamento, a empresa precisa estimular a demanda com tarifas agressivas. — Hoje estamos absorvendo o custo dos litígios no Brasil. Mas para uma operação doméstica, é um risco muito alto — diz Sana.
Enquanto espera melhores condições para operar no mercado doméstico, a Flybondi está expandindo a operação internacional. Na alta temporada em janeiro, vai haver um aumento da frequência para o Rio, de três para quatro voos por dia, e para Florianópolis, que passa para três voos diários. Até o final do primeiro trimestre, a empresa deve acrescentar mais um destino no Brasil. Hoje a empresa transporta 5% dos passageiros que voam entre Brasil e Argentina.
Fonte: O GLOBO
Enquanto espera melhores condições para operar no mercado doméstico, a Flybondi está expandindo a operação internacional. Na alta temporada em janeiro, vai haver um aumento da frequência para o Rio, de três para quatro voos por dia, e para Florianópolis, que passa para três voos diários. Até o final do primeiro trimestre, a empresa deve acrescentar mais um destino no Brasil. Hoje a empresa transporta 5% dos passageiros que voam entre Brasil e Argentina.
Fonte: O GLOBO
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