A enfermeira Jenna Beyersdorf, de 39 anos, foi surpreendida pela doença em 2021; agora curada, ela diz que registro no braço é lembrete de que 'sem a medicina não estaria aqui'

Depois de uma contusão no seio que não cicatrizava, a enfermeira americana Jenna Beyersdorf, à época aos 37 anos, resolveu visitar sua médica, que ficou preocupada com o caroço que sentiu. Os testes revelaram que ela tinha um câncer de mama triplo-negativo, diagnóstico surpreendente por sua idade e falta de histórico familiar.

Para lidar com a situação, Jenna decidiu focar nos aspectos positivos, caso de seu tratamento bem-sucedido com a quimioterapia. E, como forma de comemoração, ela pensou em fazer uma tatuagem – mas uma fita rosa não era o seu estilo.

– Eu queria as fórmulas moleculares das minhas quimioterapias para colocar no meu braço como um lembrete constante de que sou uma lutadora, mas que sem a medicina moderna eu não estaria aqui – disse ela, hoje aos 39 anos, ao “Today”. – As pessoas sempre tendem a olhar a quimioterapia de forma negativa devido aos efeitos colaterais.

Os primeiros sinais

Era 2021 quando Jenna e seu filho, Chadwick, na época com 4 anos, estavam brincando. Em dado momento, seu seio direito acabou sendo atingido, e ela diz lembrar de ter pensado que aquilo “doeu muito mais do que deveria”. Apesar disso, naquele momento, a enfermeira apenas “deixou para lá”.

A enfermeira Jenna Beyersdorf, de 39 anos, foi surpreendida pela doença em 2021; agora curada, ela diz que registro no braço é lembrete de que 'sem a medicina não estaria aqui' — Foto: Reprodução

Uma semana depois, porém, ela percebeu que não cabia mais em seu sutiã, e se perguntou se tinha ganhado peso. O aro do sutiã também causava dor, então ela decidiu usar sutiãs esportivos – até que, pouco depois, a região passou a ficar “quase como uma contusão”. Ela agendou uma consulta online, mas a médica a tranquilizou.

– Ela disse que eu tinha tido um pequeno trauma na área, e que provavelmente era um cisto ou um pequeno hematoma. Deixamos por isso mesmo – relembrou.

'Um olhar preocupado'

Não demorou, porém, para que pequenos caroços começassem a se desenvolver na área. Ela ligou de volta para sua médica e marcou uma consulta. A especialista, no entanto, ainda achava que não era nada sério, até fazer um exame de mama e sentir o local. Nesse momento, disse Jenna, a profissional “ficou com um olhar preocupado”.

A enfermeira fez uma mamografia e, depois, uma ultrassonografia. Após cerca de 45 minutos, o técnico saiu da sala e voltou com o radiologista, que lhe disse que ele “não gostou de como aquilo parecia”, afirmando ter “quase certeza de que é um câncer de mama”. Uma biópsia confirmou que ela tinha um carcinoma ductal invasivo triplo-negativo estágio 3.

– Era uma massa de 4,5 centímetros que estava acima do meu músculo peitoral. Não havia invasão dos linfonodos.

O que é um câncer de mama triplo-negativo?

O câncer de mama triplo-negativo significa que ele não possui receptores de estrogênio ou progesterona e também não produz proteínas HER2, de acordo com a Sociedade Americana de Câncer. Cânceres de mama triplo-negativos não têm tantos tratamentos quanto outros cânceres de mama, e os médicos contam com a quimioterapia para tratá-lo.

– É um câncer muito agressivo, com uma taxa de recorrência bastante alta. E ser triplo-negativo elimina muitas opções – afirmou Jenna.

Ela começou a quimioterapia imediatamente, que durou até maio de 2022. Em julho do último ano, ela passou por uma lumpectomia e iniciou a radioterapia em agosto de 2022. Em seguida, fez tratamento com comprimido para garantir que todo o câncer desaparecesse. Entre o final da radioterapia e o início do comprimido de quimioterapia, ela teve um breve período de tempo para fazer uma tatuagem.

– Eu queria expressar que tinha câncer, mas não queria colocar uma fita rosa em mim. Eu queria colocar as fórmulas moleculares como um lembrete humilde de que não sou a única lutando. [As fórmulas] tatuadas em mim também tratam outros tipos de câncer.

Gratidão pela ciência

Jenna ganhou cerca de 18kg devido aos esteroides que ajudam no tratamento e precisa fazer ecocardiogramas regulares para garantir que seu coração permaneça saudável. Ainda assim, ela se sente grata por seus tratamentos. Agora, ela voltou ao trabalho como enfermeira, e ainda que não trate pacientes com câncer, muitos a perguntam sobre suas tatuagens e compartilham suas experiências com a doença.

– Quando estou lá fora, costumo olhar as coisas com mais atenção, respirar mais profundamente. Aprecio a vida e as pequenas coisas que dei por garantido. Gosto de poder brincar com meu filho – disse. – Agora, estou cansada, mas vou aproveitar cada momento


Fonte: O GLOBO