Escolhido por Lula para comandar o Ministério Público Federal, Paulo Gonet terá que se posicionar sobre questões pendentes no órgão

O subprocurador Paulo Gonet, escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir como procurador-geral da República, terá pela frente não só a missão de reconstruir pontes do petista com o Ministério Público Federal (MPF), mas terá que lidar com questões que ficaram pendentes nos últimos meses. 

Na lista de decisões a serem tomadas estão os desdobramentos da CPI do 8 de janeiro, a delação do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) Mauro Cid e as apurações envolvendo um suposto esquema de espionagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que fará um "esforço concentrado" para sabatinar Gonet ainda neste ano, junto com o nome de Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal (STF).

No caso do relatório da CPI, o documento foi entregue à procuradora-geral da República interina, Elizeta Ramos, pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) e outros integrantes da CPMI em outubro. O relatório indiciou 61 pessoas, entre elas, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Cabe agora à PGR decidir se dará andamento aos casos relatados ao colegiado.

A PGR interina designou o subprocurador Carlos Frederico Santos para analisar o relatório e propor eventuais investigações contra os citados do documento final. Santos atua na investigação dos atos e foi responsável por denunciar cerca de 1,4 mil acusados. Com o novo comando, não se sabe se o subprocurador continuará à frente das apurações.

O material entregue pela CPI à PGR contém 1,3 mil páginas e 7 terabytes de arquivos digitais, incluindo imagens, vídeos e diversos documentos que embasaram os indiciamentos. No início de novembro, Santos enviou ofício à relatora da comissão para pedir acesso a documentos sigilosos obtidos pelo colegiado No despacho, ele pediu acesso a informações bancárias de alvos da comissão.

Abin

Fachada do prédio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) — Foto: Antonio Cruz

Os próximos passos do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre investigações que apuram um suposto monitoramento ilegal de celulares por parte de servidores da Abin também devem ser dados pela nova equipe da PGR.

Em outubro, já sob comando interino, a PGR se manifestou de maneira favorável à operação deflagrada pela Polícia Federal. Antes, a administração do ex-PGR Augusto Aras tinha pedido o arquivamento do caso, que está sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes.

Mauro Cid

Mauro Cid na CPI do DF — Foto: Reprodução/TV Câmara Distrital

Outra questão que ainda precisará passar pela análise da PGR diz respeito à delação feita pelo ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. O acordo, que foi firmado pela Polícia Federal, não teve o aval do Ministério Público. Em declarações feitas à imprensa, o coordenador da parte criminal, Carlos Frederico, criticou o conteúdo da delação. Portanto, há expectativas quanto à atuação da nova administração diante do caso.


Fonte: O GLOBO