Reclamação é de que militares usam força excessiva e não apresentam quantidade significativa de detidos à Justiça

O Judiciário do Rio de Janeiro, sobretudo os magistrados que atuam no Juizado do Torcedor e dos Grandes Eventos, estão perdendo a paciência com a atuação do BEPE nos jogos de futebol. Não à toa, após a partida da Seleção Brasileira contra a Argentina, no Maracanã, a juíza de plantão emitiu um ofício ao Secretário de Polícia Militar para falar sobre a atuação dos policiais.

A reclamação constante dos juízes é que o BEPE usa de força excessiva e não encaminha envolvidos em confusões, como a que aconteceu na terça-feira, para a delegacia de plantão e consequentemente para o Juizado para que possa haver um processo formal. Neste dia, por exemplo, de todos os envolvidos na briga, apenas sete torcedores foram detidos.

Diz trecho do despacho da juíza:

“Compareceu à sala de audiências o major Ângelo, sendo alertado pela magistrada da necessidade de condução à Delegacia de Plantão dos envolvidos no tumulto. Foi dito pelo major que a Polícia Militar efetuou trabalho de contenção e que os conduzidos estavam obtendo atendimento médico, para, após, serem apresentados em sede policial. Ato seguido, a magistrada compareceu a alguns postos de atendimento, acompanhada de servidores de plantão, tendo verificado que foram realizados poucos atendimentos médicos, dentre os quais havia poucos detidos. Presume-se, portanto, a não apresentação de nacionais que praticaram crimes que foram notoriamente veiculados pela imprensa. Em razão da ausência de apresentação do grande número de envolvidos na provocação do tumulto e demais infrações penais, foi determinada a expedição de ofício ao secretário de Polícia Militar, coronel PM Luiz Henrique Marinho Pires”.

A insatisfação com a atuação do BEPE vem já de algum tempo, sobretudo depois da partida da Libertadores do Fluminense contra o Argentino Juniors, em que policiais fizeram disparos de balas de borracha na arquibancada, no setor de visitantes. O caso aconteceu em agosto, também no Maracanã. Na ocasião, apenas três pessoas foram detidas.

No caso de terça-feira, dois fatos específicos chamaram atenção dos magistrados. Um deles é que o próprio comandante do Bepe, coronel Vagner Ferreira, estava no meio da confusão com cassetete em punho. E outro, é que um dos policiais que estava no local, pegou um cassetete de outro PM e agrediu torcedores argentinos, era um dos agentes que fica à disposição para fazer a segurança dos árbitros.

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro ainda avalia se fará um outro ofício formal para a Secretaria de Polícia Militar para falar sobre a situação.


Fonte: O GLOBO