Fala ocorreu durante uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, no Palácio do Planalto; na ocasião, o parlamentar apresentou uma proposta de contraponto ao Regime de Recuperação Fiscal

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a postura do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), na renegociação da dívida pública do estado, avaliada em R$ 161 bilhões. Durante uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), o presidente da Assembleia de Minas, Tadeu Martins Leite (MDB), e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o chefe do Executivo afirmou que Zema não esteve em nenhum encontro com o governo federal para tratar sobre o tema, e que teria apenas enviado o seu vice, Mateus Simões (Novo).

— Quero agradecer ao presidente do Senado porque eu estou na presidência há dez meses, eu ouço o Haddad dizer, de vez em quando, que tem tentado discutir a dívida do estado com os governadores, e é importante lembrar que o governador de Minas Gerais não compareceu em nenhuma reunião. Ele mandou o vice — disse Lula em um vídeo gravado na reunião desta terça-feira.

O presidente ainda afirmou que, da parte do Palácio do Planalto, há o interesse em ajudar o estado nesta renegociação:

— Da parte do governo federal, eu tenho certeza que o ministro Haddad e o ministro Rui Costa (Casa Civil) vão fazer todo o esforço para que a gente encontre uma solução amigável, que possa ser sustentável para o estado e a União (...) Eu tenho certeza, senador, que o Haddad vai levar isso muito a sério, eu espero que daqui para frente o governador compareça para conversar com o ministro da fazenda. Eu quero ajudar, o governo federal quer ajudar. Eu só espero que haja boa vontade do governador de fazer um acordo que seja razoável aos olhos da sociedade mineira e do povo brasileiro. Obrigado — afirma Lula.

O trio de políticos que estiveram com o presidente ontem defendem um plano diferente de Zema. Na reunião com Lula, Pacheco entregou uma carta ao petista, em que critica o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), em tramitação na Assembleia e considerado "essencial" pelo governador, e apresentou uma proposta alternativa, com algumas frentes, entre elas: aferir o montante da dívida para tentar diminuí-la, destinar à União os créditos estaduais, como o do acordo pelo desastre de Mariana, além de federalizar as companhias do estado.

De acordo com o senador, a medida é “paliativa” e não solucionará o endividamento do estado. “A estruturação do RRF, nos moldes propostos pelo governo mineiro, prejudica os municípios, penaliza servidores públicos sem que isso construa uma solução definitiva, pois no futuro será uma dívida impagável”, disse em ofício a Lula nesta terça-feira

Zema não foi recebido por Lula

O chefe do Executivo estadual voltou ao Brasil depois de ter passado 18 dias em missão oficial na Ásia e tem priorizado as articulações para sanar o rombo nas contas. Na segunda-feira, ele acompanhou o evento “Brasil Pela Igualdade”, que ocorreu no Palácio do Planalto. Ao fim, sem hora marcada, Zema tentou se reunir com Lula, mas não foi recebido. Ele conseguiu, no entanto, uma conversa com o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa.

Hoje, Zema terá uma agenda com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o próprio Rodrigo Pacheco. A proposta do governador enfrenta forte resistência popular por congelar, no período de nove anos, os reajustes salariais de servidores públicos e privatizar as estatais.


Fonte: O GLOBO