Mulher viu a filha mais velha ser resgatada, mas a mais nova não resistiu; terremoto de magnitude 5,6 deixou mais de 140 mortos e centenas de feridos

Felicidade e alívio. Os dois sentimentos tomaram conta de Geethakumari Bista, uma sobrevivente do terremoto que arrasou a região oeste do Nepal nesta sexta-feira à noite, ao ver sua filha mais velha sendo carregada pelo socorrista para fora dos escombros, à salvo. 

A sensação, contudo, durou poucos segundos, dando lugar ao luto e à tristeza: a mais nova, de 14 anos, não conseguiu ser resgatada com vida.

A mulher contou à BBC que estava com as duas filhas no quarto, que ficava no último andar da casa, quando o tremor de magnitude 5,6 colocou abaixo a estrutura. Bista lembra que “tudo aconteceu muito de repente”:

— Não conseguimos perceber o que estava ocorrendo.

A mulher lembra do momento em que ficou debaixo dos escombros e dos gritos à sua volta. Ela também gritava, pedindo ajuda à polícia.

— As pessoas gritavam em volta. A polícia chegou e eu gritei: ‘Eu também estou viva’. Primeiro, salvaram a minha filha mais velha, tirando-a debaixo dos escombros. Infelizmente, eles não conseguiram salvar minha filha mais nova. Ela tinha 14 anos de idade — contou à reportagem da BBC.

Ao menos 143 pessoas morreram e outras centenas ficaram feridas no sismo que abalou o pequeno país asiático, atingindo dois distritos — Jajarkot e Rukum —, com uma profundidade de 18 km, segundo o serviço de geologia dos Estados Unidos. 

O tremor foi sentido por volta das 23h47 de sexta-feira pelo horário local (15h02, em Brasília) e teve seu epicentro a 42 km ao sul de Jumla, perto da fronteira com o Tibete.

Vídeos e fotos postados nas redes sociais mostraram moradores locais escavando no meio da noite entre os destroços de edifícios destruídos em busca de sobreviventes. 

As casas de barro desabaram ou ficaram gravemente danificadas, e os sobreviventes se abrigaram do lado de fora, onde se podia ouvir as sirenes de veículos de emergência. A vibração foi sentida até na capital da Índia, Nova Délhi, que fica a quase 500 quilômetros do epicentro.

Outro sobrevivente do terremoto, Laxman Pun contou à BBC Nepal que estava dormindo quando o terremoto começou:

— Senti como se estivéssemos morrendo.

Pun teve sua casa danificada. Ele disse que não sabe o que fazer e afirmou que sobreviverá "com bastante dificuldade".

— Não sabemos onde poderemos ficar. Provavelmente vamos precisar de tendas — observou.

O primeiro-ministro nepalês, Pushpa Kamal, expressou "profundo pesar pelo dano humano e material causado pelo terremoto". À AFP, o porta-voz do Ministério do Interior, Nararyan Prasad Bhattarai, disse que “as forças de segurança foram mobilizadas para o trabalho de resgate".

O Nepal está localizado em uma importante falha geológica, onde a placa tectônica indiana empurra para cima a placa euroasiática, formando o Himalaia, e onde os terremotos são comuns. O governo mobilizou as forças de segurança para ajudar nos esforços de resgate.

Em 2015, o país registrou o terremoto mais letal de sua História: pelo menos 9 mil pessoas morreram. O tremor de magnitude 7,8 atingiu o país e destruiu mais de meio milhão de residências. A vibração destruiu ou danificou quase oito mil escolas, deixando quase um milhão de crianças sem aulas.

Centenas de monumentos e palácios reais também foram destruídos, incluindo locais no vale de Katmandu que faziam parte do Patrimônio Mundial da Unesco, representando um golpe significativo para o turismo.

Sete anos depois, em novembro de 2022, seis pessoas morreram devido a outro terremoto de magnitude 5,6 no distrito de Doti, perto de Jajarkot. Usuários indianos nas redes sociais na época relataram ter sentido a vibração nas cidades do norte de Lucknow e Patna.


Fonte: O GLOBO