Ele acompanhou o presidente eleito em viagem aos EUA e permanecerá em Washington para reuniões com FMI. Caputo esteve à frente da pasta de Finanças e do BC na gestão Macri

Javier Milei confirmou nesta quarta-feira que o novo ministro de Economia é Luis Caputo, conhecido como "Messi das finanças". A confirmação foi feita em entrevista à rádio argentina Continental, após Milei voltar de sua primeira viagem como presidente eleito, aos Estados Unidos.

O novo titular da pasta tem fortes relações com o ex-presidente Mauricio Macri, do qual já foi ministro das Finanças e presidente do Banco Central. Também trabalhou no banco de investimentos JPMorgan, em Nova York, o que lhe assegurou uma boa interlocução com o mercado financeiro. Isso é visto como um trunfo nas negociações com credores internacionais.

- O ministro da Economia é Luis Caputo - disse Milei em entrevista à rádio argentina Continental após voltar de sua primeira viagem como presidente eleito, aos Estados Unidos.

Caputo o acompanhou na viagem aos EUA. O futuro ministro continua em Washington para reuniões com o Fundo Monetário Internacional, entre outros encontros.

Renegociação com o Fundo

Caputo terá dois desafios logo após assumir o ministério, em 10 de dezembro, quando acontece a passagem de bastão para o novo governo. Em breve, haverá uma renegociação com o Fundo devido a um novo desembolso de uma parcela de US$ 3,3 bilhões para a Argentina.

Além disso, está previsto um pagamento aos detentores de títulos previsto para janeiro, em meio a um cenário de reservas de dólares escassas. O Banco Central tem reservas líquidas negativas de US$ 10 bilhões, segundo o site de notícias argentino Infobae.

Mas os desafios na Argentina são estruturais. Caputo vai assumir o ministério num momento em que o país enfrenta forte crise, com inflação de mais de 140% em 12 meses. Para Milei, uma das prioridades do novo ministro será atacar o déficit fiscal, para equilibrar as contas públicas argentinas.

- Quando olhamos para a natureza dos problemas argentinos, como 15 pontos de déficit fiscal e 10 pontos desses são gerados pelo Banco Central, está claro que o primeiro problema que temos que resolver são as Leliq (títulos emitidos pelo BC). Se nos equivocamos aí, terminamos com uma hiperinflação - disse o presidente eleito em entrevista a outra rádio argentina, La Red.

Ao ser consultado se daria autonomia ou se faria alguma intervenção na gestão de Caputo, Milei respondeu que o equilíbrio fiscal "não é negociável", segundo o jornal argentino Clarín.

O que pensa Caputo sobre dolarização

Caberá a Caputo também tocar o plano de dolarização da economia, caso Milei decida levar a ideia à frente. Mas analistas avaliam que sua chegada ao governo deve cancelar ou ao menos postergar o plano de substituir o peso pelo dólar.

"Acreditamos que haverá uma abordagem ordenada e não disruptiva para a dinâmica do mercado, e descartamos um cenário de dolarização a qualquer preço", diz relatório divulgado na semana passada pela consultoria Anker, da qual Caputo é fundador.

No governo Macri, Caputo assumiu a secretaria de Finanças em dezembro de 2015. Ele foi um dos defensores da divisão em dois do então ministério da Economia.

Este foi desmembrado em uma pasta da Fazenda e uma de Finanças. Caputo assumiu a segunda em 2017. No ano seguinte, foi para o Banco Central, mas ficou apenas três meses no posto.

Caputo liderou o retorno do país aos mercados internacionais e assegurou financiamento externo à Argentina, após o calote herdado do governo de Cristina Kirchner. A renegociação com os credores lhe assegurou o apelido de "Messi das finanças".

Ao lado do então ministro da fazenda Alfonso Prat-Gay, ele foi uma das peças-chave nas conversas com os chamados fundos abutres, que detinham uma parcela bilionária da dívida argentina.


Fonte: O GLOBO