Produto era na verdade insulina e levou os níveis de açúcar no sangue da britânica a despencarem

As versões falsificadas das “canetas emagrecedoras” têm se espalhado pelo mundo e acendido o alerta de autoridades de saúde na Áustria, no Reino Unido e até mesmo no Brasil. Isso porque, além de não cumprirem o que prometem, podem levar a diversos riscos de saúde, com relatos de hospitalizações sendo cada vez mais frequentes na mídia.

Um deles foi de uma mãe britânica, de 45 anos, que recentemente sofreu uma convulsão e precisou ser levada às pressas ao hospital devido ao uso de um Ozempic falsificado, medicamento da farmacêutica Novo Nordisk destinado à diabetes tipo 2, mas utilizado de forma off label (finalidade diferente da bula) para perda de peso.

O produto era na verdade insulina, e por isso Michelle Sword desenvolveu um quadro de hipoglicemia, uma queda nos níveis de açúcar no sangue para abaixo do ideal. A britânica foi encontrada caída por sua filha, de 13 anos, que ligou para a melhor amiga da mãe, Vicky. Ela chegou em poucos minutos na casa de Michelle e chamou a ambulância que salvou a sua vida.

Michelle vive na cidade de Carterton, no Reino Unido, e contou sua história ao portal de notícias britânico inews. Na entrevista, ela diz que chegou a utilizar o Ozempic original em 2021. Ela tomou o medicamento por cerca de seis meses, sem efeitos colaterais significativos.

— Eu me senti bem. Eu me senti ótima. Perdi peso. Meu apetite diminuiu. Eu estava o mais magra que já fui — conta. Em setembro deste ano, ela, que sofre com baixa autoestima, percebeu ter ganhado de volta alguns quilos indesejados e decidiu contatar então uma das contas nas redes sociais que via com frequência supostamente vendendo o medicamento.

— Naquela época, eu literalmente estava vendo isso em todo o Facebook e Instagram, pessoas estavam vendendo Ozempic, pessoas vendendo Saxenda (outro medicamento que leva à perda de peso). Era literalmente como se você pudesse comprar um maldito creme bronzeador, um hidratante facial ou um tratamento facial e uma pedicure. Foi muito fácil. Estava em todo lugar — diz.

Ela pagou então cerca de 150 euros (o equivalente a aproximadamente R$ 807,54 na cotação atual) pelo suposto Ozempic, sem a necessidade de qualquer receita médica. Michelle diz que o item de fato parecia com o remédio da Novo Nordisk, mas que logo após ela administrar o fármaco começou a se sentir mal.

— Eu diria que em cerca de 15 minutos me senti muito desorientada. Eu me senti confusa. Eu me senti muito tonta, quase como se tivesse passado uma noite difícil bebendo álcool — afirma.

Segundo o relato ao inews, ela também estava “pingando de suor” e suas pupilas estavam contraídas. Foi quando sua filha a encontrou caída no sofá e ligou para Vicky. Ao chegarem, os paramédicos passaram 90 minutos tentando estabilizá-la, mas não conseguiram administrar medicamentos por via intravenosa porque suas “veias haviam colapsado”, diz Michelle.

Ela foi encaminhada para um hospital, sofreu uma convulsão no caminho e foi levada às pressas para a reanimação, onde cerca de oito funcionários do pronto-socorro trabalharam para salvar sua vida. Tudo estava começando a desaparecer… (O produto falso) estava me matando — diz.

Depois que ficou estável, um médico disse que ela estava “quase morta” e que sua filha e Vicky salvaram sua vida. — Eu me injetei 14/16 unidades de insulina e meu açúcar no sangue estava em 0,6, o que é incrivelmente baixo — conta. Os níveis de açúcar começam a acender o alerta quando descem para abaixo de 4 mmol/L no sangue.

Segundo um relatório de outubro deste ano, a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde do Reino Unido (MHRA) já apreendeu ao menos 869 canetas Ozempic potencialmente falsas desde janeiro de 2023 no país.


Fonte: O GLOBO