Antes da votação, o ex-presidente reclamou da traição de apoiadores

O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e o líder do partido no Senado, Carlos Portinho (RJ), afirmaram que não haverá punição a integrantes do partido que votaram a favor da Reforma Tributária. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que unifica impostos sobre o consumo recebeu fortes críticas do ex-presidente Jair Bolsonaro, que é da legenda, e a sigla recomendou votou contrário, mas sem fechar questão, ou seja, abrindo caminho para conviver com as "traições".

O senador Eduardo Gomes (PL-TO) foi o único da bancada que votou a favor do texto. Ele já foi líder do governo no Congresso durante a gestão de Bolsonaro na Presidência, mas não faz parte da ala ideologicamente próxima do bolsonarismo. O senador Marcos Rogério (PL-RO), que chegou a ser designado para virar votos contra a reforma, não participou da votação.

— Não fechamos questão – disse Valdemar Costa Neto ao GLOBO ao ser perguntado se haveria punição.

Da mesma forma, o líder do PL no Senado declarou que "há um escrutínio popular" em relação ao voto a favor da PEC, mas negou qualquer movimento do partido para punição.

– A punição vem do povo. A gente não trabalha assim, a gente trabalha com a confiança de quem deu o voto que iria entregar. Cada um com sua consciência. Até porque um voto não faria diferença. Houve outros da oposição que também não votaram e eu não poderia fechar questão em outros partidos. O partido nunca fechou questão e não seria agora. Seria um movimento muito drástico, inclusive pouco democrático.

Em uma publicação nas redes sociais na quarta-feira, horas antes da PEC ser votada, o ex-presidente disse que "de nada vale vestir o verde/amarelo por ocasião das eleições e o vermelho durante o mandato" e declarou que "o nosso futuro será o da Venezuela e Argentina".

A maioria dos aliados de Bolsonaro votaram contra a reforma, como os ex-ministros Marcos Pontes (PL-SP), Tereza Cristina (PP-MS), Sergio Moro (União-PR) e o ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS).

No entanto, além de Eduardo Gomes, a proposta contou com o endosso de nomes como o ex-ministro da Casa Civil Ciro Nogueira (PP-PI) e de parlamentares que foram bolsonaristas no governo passado, como Alan Rick (União-AC), Márcio Bittar (União-AC) e Nelsinho Trad (PSD-MS).

A margem de aprovação foi apertada, com apenas quatro votos a mais que o mínimo para avançar. A PEC foi aprovada por 53 votos favoráveis e 24 contrários no primeiro turno. Como o texto foi alterado, a proposta agora passará por uma nova análise da Câmara.


Fonte: O GLOBO