Interrogatório foi o assunto na posse do ministro Flávio Dino, no Supremo Tribunal Federal
A posse do ministro Flávio Dino no Supremo Tribunal Federal (STF) foi muito concorrida e teve muita diversidade de posições políticas. Aconteceu praticamente no mesmo momento em que o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 22 pessoas ligadas a ele participavam de interrogatório sobre os atos golpistas. No interrogatório, como se sabe, o ex-presidente e militares do seu governo ficaram em silêncio.
Os depoimentos eram o assunto da posse. Enquanto no prédio da PF os investigados estavam em silêncio, no Palácio da Justiça circulavam políticos de todas as tendências, inclusive os ligados ao governo Bolsonaro, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, por exemplo .
Na fila de entrada, encontrei com o ex-senador Demóstenes Torres, que é advogado do ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, e ele me adiantou que o militar ficaria em silêncio, mas disse acreditar que todos ficariam. O ex-ministro Anderson Torres (Justiça); o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, responderam os questionamentos da PF.
Além de Garnier, optaram por essa estratégia de silêncio o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), três ex-ministros de seu governo e oficiais da reserva Walter Braga Netto (Defesa), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa).
Perguntei sobre esta postura a um militar de alta patente que estava na posse e ele disse que isto causava muita estranheza.
Contou que já havia presidido inquéritos dentro das Forças Armadas e que é sempre considerou como uma oportunidade para o esclarecimento do investigado. E que, ao ficarem em silêncio, fugiam da tradição das Forças Armadas, e que este não é o comportamento que se espera de um militar.
Fonte: O GLOBO
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