Baixas no ministério ocorrem em meio ao desgaste do governo com falhas na implantação de políticas públicas em terras Yanomami e a piora nos índices da população local
As baixas começaram ainda em fevereiro, quando a ministra Nísia Trindade exonerou o secretário de Atenção Primária à Saúde, Nésio Fernandes, após pressão do Centrão. A área é responsável por programas importante do governo, como o Mais Médicos, o Saúde na Escola e o Brasil Sorridente. A saída aconteceu após requerimento do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), e líderes partidários questionando Nísia sobre os critérios de distribuição de verbas de Atenção Primária e Complexidade.
Já no dia 18 deste mês, Nísia escolheu Nilton Pereira Júnior para substituir Helvécio Magalhães na chefia do comitê de intervenção em seis hospitais federais do Rio. Pereira também assumiu interinamente o lugar de Magalhães na Secretaria de Atenção Especializada à Saúde. A saída aconteceu após reportagem do Fantástico sobre possíveis irregularidades nas unidades. No mesmo dia, foi exonerado Alexandre Telles da direção do Departamento de Gestão Hospitalar.
Mortes de indígenas
A exoneração de Carmem surpreendeu colegas da pasta. Segundo interlocutores da Saúde, a mudança faz parte de um alinhamento de equipes numa área prioritária — a situação de emergência no território indígena. Dados do ministério mostraram que 363 indígenas da etnia morreram em 2023, número superior aos 343 óbitos do último ano do governo de Jair Bolsonaro.
Segundo pessoas ligadas à cúpula da pasta, a publicação no Diário Oficial surpreendeu até mesmo o secretário da Saúde Indígena, Weibe Tapeba, que, apesar de ciente da decisão, não havia sido comunicado sobre o dia da demissão. Carmem está a trabalho em Santarém (PA) e soube da exoneração pelo Diário Oficial. Procurada, não retornou. Em nota, Tapeba informou que a exoneração “já estava prevista e a decisão decorre da necessidade de ajustes na equipe da secretaria para superação dos desafios existentes na saúde indígena”.
Ao GLOBO, na sexta-feira, Nísia descartou movimentações no secretariado e disse não sofrer pressões políticas. O governo decretou emergência em saúde no território Yanomami em janeiro de 2023 ao encontrar um cenário de crise humanitária e desassistência na terra, em Roraima. A gestão argumenta que o aumento das mortes por desnutrição e malária se deve a subnotificações nos anos anteriores a 2023. Mas reconhece que garimpeiros retirados do local no último ano retornaram às atividades ilegais com o término das operações das Forças Armadas e da Polícia Federal.
Baixas em secretarias e diretorias
- Saída após pressão do Centrão: Sob a pressão do Centrão, Nésio Fernandes foi exonerado do cargo de secretário de Atenção Primária à Saúde no dia 21 de fevereiro, a primeira baixa da gestão de Nísia Trindade na pasta da Saúde . A Atenção Primária à Saúde é responsável por programas como o Mais Médicos, Saúde na Escola e Brasil Sorridente. À época, Fernandes foi substituído por Felipe Proenço de Oliveira.
- Apenas três dias no cargo: Depois de ficar três dias no cargo, Helvécio Magalhães perdeu no dia 18 deste mês a chefia do comitê criado para intervir em seis hospitais federais do Rio. Magalhães foi substituído por Nilton Pereira Jr., após reportagem do Fantástico sobre supostas irregularidades nas unidades. No mesmo dia, Alexandre Telles deixou a direção do Departamento de Gestão Hospitalar no Rio.
- Falhas em terras indígenas: Na terça-feira, foi a vez da diretora do Departamento de Atenção Primária à Saúde Indígena, Carmem Pankararu, deixar o cargo em meio ao desgaste do governo com as falhas na implantação de políticas em terras Yanomami e a piora nos índices de saúde da população. A mudança faz parte de um alinhamento de equipes numa área prioritária. A secretária do setor segue no cargo.
Fonte: O GLOBO
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