Fontes
afirmam que os militares israelenses foram encarregados de apresentar
opções de resposta; o governo iraniano lançou ataque inédito em resposta
a um bombardeio ao consulado do país na Síria
Porto
velho, RO. Uma nova reunião do gabinete de guerra de Israel está marcada
para esta segunda-feira (15), após o primeiro encontro entre o alto
escalão do governo e do exército israelenses, no domingo (14), terminar
sem uma decisão sobre como o país responderá ao ataque do Irã.
O
gabinete está determinado a responder – mas ainda não decidiu o momento e
o âmbito. O funcionário disse que os militares israelenses foram
encarregados de apresentar opções adicionais de resposta.
Separadamente,
um alto funcionário do governo Biden informou aos repórteres que um
funcionário israelense disse aos Estados Unidos que não pretende
intensificar significativamente o confronto com o Irã.
“Penso que
Israel nos deixou claro que não pretende uma escalada significativa com
o Irã. Não é isso que eles procuram. Eles procuram proteger-se e
defender-se”, disse o alto funcionário da administração.
O
ministro do gabinete de guerra de Israel, Benny Gantz, disse no domingo
que Israel “exigirá um preço do Irã da maneira e no momento que nos
convier”.
O gabinete de guerra de Israel iniciou a reunião pouco
após os ataques comandados pelo Irã, que atingiram o país durante este
fim de semana. Segundo uma fonte da CNN, a reunião começou por volta das
16h pelo horário local (10h no horário de Brasília).
O grupo é
composto pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, pelo ministro da
Defesa Yoav Gallant e por Benny Gantz, líder do partido União Nacional e
ex-ministro da Defesa. O Ministro de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer,
e os políticos Gadi Eisenkot e Aryeh Deri fazem parte do gabinete de
guerra como observadores.
O Departamento de Segurança Interna dos
EUA não identificou quaisquer “ameaças específicas ou credíveis” aos
EUA desde o ataque do Irã a Israel e está a trabalhar com parceiros para
avaliar o ambiente de ameaça, disse um funcionário dos EUA à CNN.
Por que o Irã atacou Israel?
Irã e Israel são rivais de longa data e estão envolvidos numa guerra paralela há anos.
O
Irã lançou seu ataque sem precedentes em resposta a um suposto ataque
israelense ao consulado iraniano em Damasco, na Síria, em 1º de abril.
Na
ocasião, foram mortos ao menos sete funcionários, incluindo Mohammed
Reza Zahedi, um comandante do alto escalão da elite da Guarda
Revolucionária do Irã, e o comandante sênior Mohammad Hadi Haji Rahimi
O
ataque de Teerã teve como alvo a base aérea de Nevatim, disse um
oficial do exército iraniano neste domingo (14), alegando que foi deste
local que o ataque de Israel ao consulado iraniano foi lançado no início
de abril.
Como ocorreu o ataque?
Mais de 300
armamentos – incluindo cerca de 170 drones e mais de 120 mísseis
balísticos – foram disparados no imenso ataque aéreo.
Destes,
“99%” foram interceptados pelos sistemas de defesa aérea de Israel e dos
seus aliados, de acordo com os militares israelenses, com apenas um
pequeno número chegando ao território israelense.
Como os armamentos foram interceptados?
Israel
opera uma série de sistemas para bloquear ataques de tudo, desde
mísseis balísticos com trajetórias que os levam acima da atmosfera até
mísseis de cruzeiro e foguetes que voam baixo.
O sistema Domo de
Ferro de Israel tem sido usado frequentemente desde que o país iniciou a
sua ofensiva militar em Gaza em resposta aos ataques do Hamas em
Israel, em 7 de outubro.
O Domo é a camada inferior da defesa antimísseis de Israel, de acordo com a Organização de Defesa de Mísseis do país.
Existem
pelo menos 10 baterias dele em Israel, cada uma equipada com um radar
que detecta foguetes e depois usa um sistema de comando e controle que
calcula rapidamente se um projétil que se aproxima representa uma
ameaça ou tem probabilidade de atingir uma área despovoada.
Se o foguete representar uma ameaça, o equipamento dispara mísseis do solo para destruí-lo no ar.
O próximo degrau na escada da defesa antimíssil é o David’s Sling, que protege contra ameaças de curto e médio alcance.
O
David’s Sling, um projeto conjunto do Rafael Advanced Defense System de
Israel e da gigante de defesa dos EUA Raytheon, usa interceptores
cinéticos Stunner e SkyCeptor para atingir alvos a até 300 quilômetros
de distância, de acordo com o projeto Missile Threat do Centro de
Estudos Internacionais e Estratégicos (CSIS, em inglês).
Acima dele estão os sistemas Arrow 2 e Arrow 3 de Israel, desenvolvidos em conjunto com os Estados Unidos.
O
Arrow 2 utiliza ogivas de fragmentação para destruir mísseis balísticos
que se aproximam na sua fase terminal – à medida que mergulham em
direção aos seus alvos – na alta atmosfera, de acordo com o CSIS.
O
equipamento tem um alcance de 90 quilômetros e uma altitude máxima de
51 quilômetros, de acordo com a Missile Defense Advocacy Alliance, que
chamou o Arrow 2 de uma atualização das defesas antimísseis Patriot dos
EUA que Israel já usou nesta função.
Enquanto isso, o Arrow 3 usa
tecnologia hit-to-kill para interceptar mísseis balísticos que se
aproximam no espaço, antes que eles reentrem na atmosfera a caminho dos
alvos.
O que diz o Irã?
No Conselho de Segurança da ONU, o embaixador do Irã, Saeid Iravani, disse que a ação foi de autodefesa.
“A
agressão feita no dia 1º de abril nas instalações diplomáticas
desobedeceram à Carta da ONU e todas as determinações”, explicou Iravani
“A
operação do Irã exerceu o direito de autodefesa, como colocado no
artigo 51 da Carta da ONU, e reconhecida internacionalmente pelo direito
internacional. Essa ação já concluída foi necessária e proporcional.
Ela foi precisa e teve alvo apenas militares e feita de forma cuidadosa
para prevenir vítimas entre civis”, prosseguiu.
De acordo com o
embaixador, os Estados Unidos, junto da França e do Reino Unido, diziam
que não enxergavam o que estava acontecendo e acabaram contribuindo para
a situação atual.
De forma hipócrita, esses três países culparam
o Irã e eles acabaram ameaçando a segurança na região. Trataram de
forma manipulativa, espalharam desinformação no jogo de culpar o outro
Saeid Iravani
O que diz Israel?
Em seu discurso, o embaixador israelense na ONU, Gilad Erdan, afirmou que Israel “tem todo o direito de retaliar o ataque do Irã”.
“O
ataque de ontem cruza todas as linhas vermelhas, e Israel tem todo o
direito de retaliar. Não somos um sapo numa panela fervendo, somos um
país de leões”, disse Erdan.
Na avaliação de Erdan, o Irã age
como o regime nazista ao atacar Israel. “Ao invés de gritar ‘sieg heil’
[Viva a vitória, saudação nazista], eles gritam ‘morte a Israel’”.
“Há
anos, o mundo vem assistindo à ascensão dos xiitas como foi a ascensão
do nazismo. O Irã vem violando às resoluções do Conselho de Segurança e a
Carta da ONU há anos. O mundo deve parar as ações criminosas do Irã”,
acrescentou o diplomata israelense.
O que diz a ONU?
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou na abertura da reunião no Conselho de Segurança da ONU que a hora é de“diminuir a temperatura”.
“O
Oriente Médio está agora numa situação de extremo perigo que pode levar
para um conflito total. Agora é a hora de diminuir a temperatura.É a
hora para a conversa”, disse Guterres.
“É hora de recuar do
abismo. É vital evitar qualquer ação que possa levar a grandes
confrontos militares em múltiplas frentes no Oriente Médio”,
acrescentou.
Guterres indicou que a ONU e os países
membros têm uma “responsabilidade partilhada” de envolver “todas as
partes envolvidas para evitar uma nova escalada”.
Ele também
pediu um cessar-fogo no conflito entre Israel e Hamas. “Nem a região,
nem o mundo podem permitir-se mais guerra”, comunicou.
Fim da retaliação
O
Irã enviou uma mensagem privada aos Estados Unidos dizendo que a sua
retaliação contra Israel terminou. A fala vai de encontro ao que Teerã
disse publicamente, de acordo com um alto funcionário da administração.
No final do sábado (13), o Irã disse que “o assunto pode ser considerado concluído”.
No
entanto, o presidente Ebrahim Raisi declarou que qualquer “nova
agressão contra os interesses da nação iraniana terá uma resposta mais
pesada e lamentável”.
(Com informações de Jeremy Diamond e Priscilla Alvarez, da CNN; e da Reuters)
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