De acordo com modelo do IPH, caso previsões de vento sul forte e chuvas se confirmem, pode ocorrer uma elevação adicional de cerca de 20 centímetros

Porto Velho, Rondônia - O Guaíba, cuja elevação causou a enchente dos últimos dias em Porto Alegre, pode voltar a subir neste fim de semana, em um fenômeno chamado de “repique”. De acordo com um modelo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS, há a previsão de fortes chuvas nos próximos cinco dias, e os fenômenos podem fazer o rio voltar a marca dos cinco metros. Caso o vento sul se confirme, uma elevação adicional de cerca de 20 centímetros é esperada pelos especialistas.

O instituto trabalha com a previsão de mais de 200mm de chuva entre esta sexta-feira e domingo em muitas partes do Rio Grande do Sul, incluindo as bacias do Guaíba e Taquari-Antas. A água pode voltar ao nível de 5,35m, o pico atingido no domingo. Além disso, há a probabilidade de vento sul mais intenso, podendo chegar a mais de 50km/h na Lagoa dos Patos entre domingo e segunda-feira. O vento forte na direção do Guaíba dificulta o escoamento da água para a lagoa.

Observações hidrológicas e previsão meteorológica

De acordo com o IPH, embora esteja prevista a chuva para os próximos cinco dias, no momento os afluentes do Guaíba apresentam lenta redução em níveis elevados, nos rios Jacuí, Sinos e Gravataí, ou moderados, no rio Taquari. Nas últimas 24 h, precipitações de 10 a 20mm em algumas partes do estado e até 40mm na parte sul.

Caso as chuvas não se confirmem, a tendência é de redução gradual, com o Guaíba acima de 4 metros por mais de uma semana. De acordo com a pesquisa apresentada pelo professor Gino Gehling, do IPH, a cheia de 1941 levou 32 dias para a descida ao nível de três metros.

— As principais preocupações seguem sendo a duração dos níveis elevados e as possibilidades de repiques em função de novas chuvas ou efeito do vento — afirmou Gehling.

Nível cai abaixo da marca de 1941

O nível do Guaíba, em Porto Alegre, baixou para 4,74 metros pela primeira vez desde sábado (4), conforme medição feita às 6h15 desta sexta-feira pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) no Cais Mauá. O nível da água, agora, está abaixo da marca recorde da última grande enchente no Rio Grande do Sul, em 1941, quando o pico da enchente alcançou a marca de 4m76cm.

O nível, no entanto, ainda está bem acima da cota de inundação, ultrapassada na última semana. Desde então, a cidade vive um cenário de guerra, com quase todos os bairros sem acesso a energia, internet, mantimentos e água, e levando a um movimento de êxodo para localidades menos atingidas pelas chuvas, como as cidades do litoral.

Desde terça-feira, a prefeitura conseguiu operar o religamento de algumas estações de tratamento de água que abastecem a capital. Naquele dia, foi retomado o serviço foi retomado nas unidades São João e Menino de Deus. Debaixo d'água desde a última semana, a cidade está sob alerta de “inundação severa” devido à estabilidade do nível do Rio Guaíba em cerca de 5,3 metros.


Fonte: O GLOBO